Abandonei a querência, contrariei meu coração Por andar muito cansado da vida que leva um peão Trabalhava noite e dia, me pagavam quase nada Arriscava a minha vida laçando boi na invernada Cá na cidade vivo de recordação Quase morro de saudade das coisas do meu rincão
Peguei meu cavalo zaino, companheiro de jornada Presenteei para uma prenda que era minha namorada Fiz a gaúcha chorar, quando eu lhe disse assim Cuide bem do meu cavalo e nunca te esqueças de mim
Tem certas coisas que machucam o coração Lembro o meu cavalo zaino e das coisas do meu rincão Diz que até os passarinhos não se escutam mais cantar Depois que eu vim me embora, voaram pra outro lugar Lembro das brigas de touros, do brazino e do zebu Das noites de lua cheia e das caçadas de tatu O meu cachorro latindo lá no capão
Lembro a minha prenda linda e das coisas do meu rincão
Coitado de um pobre peão, estranha barbaridade Saindo lá da campanha pra morar cá na cidade É uma vida diferente, não tem nem comparação Quando lembro as suas coisas machuca seu coração Ando sofrendo, pois tenho muita razão Estava muito acostumado com as coisas do meu rincão
Compositor: Jose Mendes Guimaraes (Jose Mendes) ECAD: Obra #677 Fonograma #249582