Kiko Dinucci

Veneno

Kiko Dinucci


Tenebroso
Era assim o tal João
Ficou Tão famoso
Por que dava surra em multidão

Espalhafatoso
Caminhando esbarrou em um rapaz
Jogo perigoso
Pois a morte nunca anda com cartaz

E o João valentão tomou satisfação
E lhe disse: onde já se viu?
E levantou a camisa e mostrou um oitão
E pagou de polícia civil

Estava prestes a estapear o rapaz
Quando alguém feito um relâmpago
Veio pra apaziguar e assim lhe falou

Toma cuidado, Jão
Deixa isso pra lá
Não vai pra grupo não
Fica ligeiro
Nesse vespeiro
Melhor não por a mão
Com isso não vá mexer
Não tem por que se meter
Por que sei que vai da nó
Vai dá não
Vai danar
Vai doer

O rapaz é o belzebu
E o seu sangue vai beber
Feito vinho e fumando um
Com o chicote te lamber

E o dragão fala pro filho de Ogum
Nem seu pai vai me deter
Eu vou te mandar pra catacumba
Só quizumba
Feito zabumba
Coração bomba
Com a perna bamba
João tomba!

Só que ele não cai
Pois se apoia no balcão pedindo ao pai
E agora sente que sua vida se esvai

Feio na foto está
E eu posso atestar
O inferno é seu spa
E estas férias
Não são etéreas não tem como escapar
E assim no solo bateu
E a vida toda escorreu
No copo do cão caiu
E ele viu
E ele riu
E bebeu

Mas de repente deu um piripaque
E o cão não aguentou a birita
É muito forte o veneno do homem
Que até o capeta vomita
Foi mais um caso daquele que quando alguém conta
Ninguém acredita
E como um passe de mágica
Na minha frente João ressuscita

E o cramulhão
Caiu no chão se escondendo da luz
Sem condição de reação
Se esvaindo um pus
Se esvaindo em pus
Ele falou para o pai de Jesus
Eu não teria clemência
Se fosse meu meu filho
Que tivessem posto na cruz

Compositores: Rodrigo Hayashi Tavares Bastos Pinto (Ogi), Cristiano Dinucci (Kiko Dinucci)
ECAD: Obra #37933318

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