Seguindo a trilha dos animais Eu entrei na selva pra me esconder Minha vergonha era demais Eu me escondi pra ninguém me ver Vergonha de ser chamado Filho de Deus e nada fazer Vergonha de ser um homem E não lutar pra matar a fome De quem não tem nada pra comer
Quando entrei lá na mata Recebi vaia dos passarinhos Os animais me olhavam Sentindo medo fiquei quietinho Ouvi eles me chamando De matador frio e mesquinho É o homem que queima a mata Destrói a flora e nos desacata Matando até nossos filhotinhos
Tentei falar, mas não me deixaram Me expulsaram, fiquei sem graça Volta para sua casa Vai viver junto com a sua raça Aqui não usamos drogas Não temos armas e nem cachaça Tem muitos da raça humana Que até o próprio irmão engana Se prostitui derrubando a praça
Aqui ninguém rouba o que é do outros Não tem malandro, nem trombadão Não temos muros, nem guarda Ninguém aqui tem mal intenção Você é a fera mais perigosa que reza E diz ter bom coração Tem muito homem pior que é um bicho Não serve nem pra jogar no lixo Ainda falam que é cristão
Voltei pra casa, fiquei pensando Em tudo aquilo que eles me falaram Nesse exato momento Pra me roubar bandidos entraram Por eu ter pouco dinheiro Fui humilhado e me maltrataram Vamos voltar, seu imundo Prepare a grasna, seu vagabundo Foi o recado que eles deixaram
Coloquei grade de ferro e aço Na minha casa, que crueldade Os animais estão certos Eles falaram a pura verdade A casa virou cadeia Vivo trancado por trás das grades Eu que sou justo, eu que sou bom Vivo aqui fechado, feito um ladrão E muitos ladrões vivem em liberdade
Compositor: Leonildo Sachi (Leo Canhoto) ECAD: Obra #41053 Fonograma #283596