Na fazenda São Francisco, na beira do Rio da Morte Com outro caminhoneiro traquejado no transporte Fui buscar uma vacada para um criador do norte Na chegada eu pressentia que era um dia de sorte Depois do embarque feito só ficou um boi de corte
O mestiço era bravo que até na sombra investia A filha do fazendeiro molhando os lábios dizia Eu nunca beijei ninguém, juro pela luz do dia Mas quem montar nesse boi e tirar a valentia Ganha meu primeiro beijo que eu darei com alegria
Vendo a beleza da moça meu sangue ferveu na veia Eu calcei um par de espora e passei a mão na peia Peguei o mestiço a unha, rolei com ele na areia Enquanto ele esperneava fui apertando a correia Mas quando eu sentei no lombo foi que eu vi a coisa feia
O boi saltou a porteira no primeiro corcovado Em uma ladeira de pedra desceu pulando furtado Saia língua de fogo, cheirava chifre queimado Quando os cascos do mestiço batiam no lajeado Parou berrando na espora ajoelhando derrotado
Pra cumprir sua promessa a moça veio ligeiro E disse você provou ser peão e boiadeiro Dos prêmios que vou lhe dar o beijo é o primeiro Sua boca foi abrindo, seu olhar ficou morteiro Nesta hora eu acordei abraçando o travesseiro
Compositores: Jesus Belmiro Mariano (Jesus Belmiro), Jose Plinio Trasferetti (Paraiso) ECAD: Obra #4249 Fonograma #11457129