Uma viola vermelha, Num canto empoeirada, A tempo ninguém a toca, P'ros cupins virou morada. Uma história muito triste A deixou desamparada: A saudade do seu dono por sua mulher amanda. A viola, o violeiro E a doce Imaculada, Personagens dessa história, Infelizmente inglória, Nessa canção revelada.
Na soleira da janela Vibravam cordas de aço, Nas noites enluaradas Imaculada no terraço... Mas uma demanda antiga Impedia os seus passos. O brilho do amor nos olhos Venceria o fracasso? Mas a richa das famílias Tentava romper o laço. Achando isso injusto Juraram, a qualquer custo, Fugir desse embaraço.
Viviam suas famílias, Desde os seus antepassados, Numa demanda de terras, Num confronto acirrado Vez em quando o tiroteio Ecoava no cerrado. Alheio a tudo isso, o casal apaixonado tentaram fulga e caíram num desses fogo cruzado, E no vai-e-vém das balas Imaculada se cala, Seu peito foi alvejado.
Ainda agonizando, Estendida ali o chão, Disse ela a seu amado: Quero ouvir uma canção! Com os olhos marejados Sufocados na paixão, Fez a viola chorar Junto com seu coração. Foi essa a última vez Que na viola pôs as mãos, Ela caiu no abandono Pois hoje falta ao seu dono A musa de inspiração.