("Quem anda no lombo de um macho Por estes mundão afora Muitas vez dorme de botas Sem tirar o par de espora
Foi lidando com boi bravo Que eu passei amargas horas Mas com fé em Bom Jesus Eu tive um ano de glória
E pra cumprir uma promessa Eu rumei pra Pirapora Numa noite de tempestade Que só um peão é que escora")
Com destino a Pirapora Nessa noite de jornada Meu cavalo escorregou Ao descer numa baixada Os arreios se afrouxaram Eu rolei na enxurrada E o macho corcoveando Pelo pé foi me arrastando Pela estrada esburacada
Nessa hora de aflição Gritei por Nosso Senhor Bem na beira de um abismo Meu cavalo inté parou Era um vulto de capa Que suas rédeas segurou Ao tirar meu pé do estribo Fechei os zóio de alívio Sem ver mais o que passou
Juro que foi um milagre Quando acordei era dia Quem salvou a minha vida Ali perto eu não via Arrastando as rédeas no chão Meu cavalo aparecia Nessa viagem eu fui feliz Vendo as torres da matriz Inté chorei de alegria
Ao entrar na santa igreja Senti o corpo arrepiado Foi então que eu descobri Quem havia me salvado Frente a imagem milagrosa Com quem eu tinha ajoeiado Ao fazer o sinal da cruz Vi que o manto de Jesus De orvalho estava molhado