Marcelo Nova
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Um Bonde Chamado Desejo

Marcelo Nova


Sou tão velho quanto as montanhas
E os tiranossauros que ainda hoje se digladiam em minha mente
Conheço os fantasmas que assustam o meu cérebro
Gemendo e arrastando pesadas correntes

Enquanto o grande medo, careca, desdentado e ancião
Imprime suas digitais no lado mais escuro da minha razão

Mas quando eu passo eu penso e vejo
Ainda tantos lugares vazios
Neste bonde chamado desejo

Eu vi um magarefe sujo do açougue imundo lavar com o sangue das costelas do boi
As costeletas da face e as escadas do fundo
Sei da freira que num abrir e fechar de pernas, pede o perdão de Cristo
Para cada gesto e risco, que ela apenas pensou em correr

Nas drogas que consomem, nas noites que perdemos
Nos verões que prometiam, nas palavras que caluniam
Nos olhares que insinuam, nas pessoas que silenciam

Compositor: Marcelo Drumond Nova (Marcelo Nova)
ECAD: Obra #717672

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