Mangrulhando o breu da noite Já está no posto a boeira Velando o sono da pampa Na parceria campeira Choram sangas e banhados Contraponteados por grilos Num repetido estribilho Que a madrugada acalanta
A lua prateia o campo S’enxergando nas aguadas E uma estrela desgarrada Alumbra a frente da estância Na invernada e nos potreiros Uma canção costumeira, Da serenata campeira Adormecendo distâncias
O galpĂŁo dorme tranqĂĽilo Sobre o catre da coxilha, Um pai de fogo em vigĂlia, Campeia o calor das brasas Ancorada sobre as cinzas A cambona mira vazia, A cuia, que ronda o dia, Guardando o gosto das casas
Os ponchos de alma vermelha E as asas pingando água Desaguaxam suas mágoas Debruçados nos esteios, A cuscada ressonando Sobre as rodilhas do laço E os cavaletes encilhados Oreiam o suor dos arreios
E a lida vem madrugando Sangrando o peito dos galos Que ensaiam o primeiro canto, Alertando os pirilampos Que o sol já calçou esporas E vem atrás do horizonte Trazendo o dia em reponte Pelos encontros da aurora
Somente os que sorvem estrelas Cevada em cuias morenas Se afinam nas cantilenas Dessas auroras brazinas Pois sĂł os madrugadores Que esperam o sol, estrivados Trazem esse quadro guardado No memorial das retinas
Compositores: Francisco Luzardo Silva da Silva (Francisco Luzardo), Luis Andre da Silva Oliveira (Andre Oliveira), Marcelo Oliveira de Oliveira (Marcelo Oliveira) ECAD: Obra #1581598 Fonograma #895413