M.R.N.

Pai

M.R.N.


Meu pai bagunço minha vida,
Bem louco em casa desafiava insultava,
Falava que eu era um bosta, um merda, um nada
Jogava na cara até o banho tomado.
Sempre falo demais por não ter nada a dizer,
Se sentia incomodado com meu som com meu role,
Sou rap nas artérias até morrer ha ha...
Minha mãe que separava as brigas,
Mulher guerreira casada com um parasita,
Não entendo a junção, vai ver é missão sei lá desse
amor que não tem felicidade não.
Um beijo lhe dei na infância lá trás,
Acreditava no amor no carinho na paz.
Meus amigos tinham um pai amigo também queria ter um
pai amigo,
Pra poder jogar bola, solta uma pipa, me pergunta
sobres as coisas da vida,
Sonho estagnado que virou ferida, hoje aos 34 tenho
magoa ira,
Sentimentalmente me vejo do lado de fora da vida, de
coração a fita é quente ladrão,
Ele queria que eu fosse o que ele não foi,
Neguinho bolero jogador do flamengo, rodeado de puta
montado no dinheiro,
Eu não sempre soube o que quero... (Vai vendo)
Aos 17 comprei meu primeiro ferro,
Vida do crime entrei rapidão,
Me levantei, comprei casa, carro, moto,
Hoje sou empresário tenho meu próprio negócio,
Soube parar na hora certa, dar conforto pra coroa cara
é minha meta.
Amigos eu fiz inimigos também mas ando ligeirão com
quem vai com quem vem.
Creio no agora, nem sei do amanhã, minha cabeça é a
mil tipo talibã.


Em pleno natal tomei surra de cinta,
Até umas hora tinha 13, 14 não sei,
Ele falava homem que é homem não chora,
Sentia satisfação prazer e glória,
Fazer eu sofrer era sua vitória,
Frio bipolar pai igual não há.
Ridicularizou minha namorada,
Dize que era gorda feia que não me amava,
A mina tinha coração bom, ela tocou minha vida em
outro tom,
Mais ai, nunca mais a vi, vôo sumiu pelo mundo,
Pensei que iria ficar maluco,
Saiu da minha vida pelas treta do meu pai, pela boca
maldita do meu pai,
Noio na dela, no fundo no fundo ele tinha inveja por
eu estar feliz,
Coroa filha da puta pinguço infeliz.
De cara limpa sem pó sem goro era gentil,
Comentava do padre, da missa, do filme que viu,
Elogiava minha mãe e seu perfil,
Duas cara, louco de duas cara, esse foi meu pai seu
Alfredo de Paiva é seu Alfredo de Paiva...

Sobre sexo aprendi só pelos putero do centro
Sem lenço sem documento,
Tina Barraqueira foi meu treinamento, coroa de estilo
de belo sorriso,
Morreu de overdose na boca do lixo,
Falava de AIDS pra eu me cuida, com rostinho bonito
não me empolga,
Foi minha puta das rua pode acreditar, dividia com
elas meu problemas do lar, vagabundo Não se crescia,
fazia respeitar.
Abril 2005 sexta feira eu no role louco já me sinto,
Toca o celular é minha mãe aos prantos:

-Fala mãe!
-Filho, seu pai morreu lá no bar do Tadeu!

Recebi a noticia bolei um pra fumar,
Vários fleches da minha vida na mente pá,
Respirei me concentrei, mas não consegui rezar,
sensação esquisita no ar,
Liguei o som do carro no talo pus Noite de Insônia MRN
viajo.
Sentimentos de dó não tive,
Na hora não tive,
Mas porque a saudade da infância persisti
Ao meu Deus por favor me explique, ao meu Deus por
favor me explique!

-Qui nada segue sua vida ladrão você é você na lição
do mundão chego até aqui sozinho né não!

Foi a voz que invadiu meu ouvido meu coração.
Relutei mas paguei o enterro,
Apesar do descaso, da falta de abraço,
De não ter tido um pai H. aço,
Só fez por ele a vida inteira, humilhava minha mãe e
eu a sua maneira,
Chapava o globo não via ninguém,
Que Deus te ilumine amém...
De presente paguei seu caixão,
Olha a irônia da vida paizão,
Ser feliz é uma questão de orientação e vontade o
senhor já se foi e pra mim já foi tarde!

Compositor: Nilo Sergio Freitas Santos (Nill)
ECAD: Obra #2461243 Fonograma #1171702

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