Eric Clapton - The Breeze
JJ Cale, morto ano passado aos 74 anos, era um daqueles grandes artistas que certamente mereciam ter tido mais reconhecimento. Autor de poucos e bons discos, o guitarrista, compositor e cantor influenciou muita gente com seu estilo relaxado de cantar e tocar sua mistura de diversas formas de música americana.
Uma das pessoas que mais se sentiu tocada pelo trabalho de Cale foi Eric Clapton, que sempre deixou clara sua admiração pelo colega - que ele só veio a conhecer pessoalmente no século 21.
Esse dado é curioso, já que dois dos maiores hits que Clapton teve nos anos 70 - "Cocaine" e "After Midnight" - foram justamente covers de canções escritas e gravadas originalmente por Cale.
O músico certamente ficou feliz com os direitos autorais recebidos por essas, e outras, regravações. Até porque essa renda lhe garantiu uma vida tranquila e longe dos holofotes, como ele sempre disse preferir.
Para homenagear o amigo e parceiro - em 2006 eles gravaram juntos o álbum "The Road To Escondido - Eric Clapton teve a ideia de convidar vários artistas que conheceram, ou foram influenciados por JJ Cale fazerem um disco.
Atenderam ao chamado Mark Knofler (Dire Straits), Tom Petty, Willie Nelson e John Mayer - além de duas pessoas próximas a JJ: Don White - que fez parte da sua banda - e a viúva dele Christine Lakeland.
Óbvio que uma reunião de um time desses, tocando um repertório pouco conhecido mas inegavelmente brilhante, não teria como dar errado. E não deu mesmo.
"The Breeze" funciona não só como uma bela homenagem a JJ Cale, como também merece destaque como um dos grandes álbuns já feitos por Clapton. Espera-se não só que ele faça sucesso, mas que também leve mais pessoas a irem atrás dos trabalhos discos de Cale. Para quem não o conhece, o álbum "Okie" de 1974 - de onde saíram seis das canções que ganharam novas interpretações em "The Breeze" - é uma excelente porta de entrada.
Ouça "Call Me The Breeze", com Eric Clapton, presente no álbum "The Breeze"
Jenny Lewis - The Voyager
Esse é o terceiro álbum solo de Lewis, que despontou como vocalista do excelente, mas pouco lembrado, Rilo Kiley.
A boa notícia, para ela e para nós, é que apesar dele ter demorado um bom tempo para ficar pronto, a espera definitivamente compensou. "The Voyager" se mostra um disco redondinho e que tem tudo para agradar os mais variados públicos.
Lewis é daquelas raras pessoas que conseguem escrever canções que sabem ser pop e profundas ao mesmo tempo.
Não a toa, o nome do Fleetwood Mac e de outros baluartes do rock californiano dos anos 70, sempre surgem nos textos a respeito dela. Para a sorte de Lewis, a maré anda boa para artistas influenciados pela banda de Stevie Nicks e Lindsay Buckingham - as garotas do Haim estão aí para provar - e esse é um fator que deve ajudar a fazer dele o seu álbum mais bem sucedido comercialmente.
"The Voyager" foi produzido por Ryan Adams e está sendo bastante elogiado pela crítica estrangeira. O grande público também parece que será cativado e o disco é bom o bastante para aqueles que a acompanham há mais tempo não a tratem com desdém caso ela se torne realmente conhecida no mainstream.
Ouça "Just One Of The Guys", com Jenny Lewis, presente no álbum "The Voyager"
Tom Petty And The Heartbreakers - Hypnotic Eye
Tom Petty é um daqueles artistas que são enormes nos EUA e Europa, mas que por aqui, tirando um ou outro hit como "Free Fallin'", nunca emplacaram. O que é uma pena, já que desde os anos 70 ele construiu uma carreira sólida e repleta de momentos bons e outros simplesmente excepcionais.
Seria ótimo se esse "Hypnotic Eye" mudasse essa história. O álbum é fácil um dos melhores de sua carreira e deverá ser lembrado nas listas de grandes discos de 2014. Nada mal para um artista que está prestes a completar 64 anos.
Divulgação
"Hypnotic Eye" traz o cantor escudado pelos Heartbreakers, a banda que,à exceção de três álbuns, sempre o acompanhou. O fato é que fazia tempo que tanto ele quanto os músicos não demonstravam tanta animação em um estúdio de gravação.Nas entrevistas de divulgação, Petty disse que percebeu que fazia tempo que ele e a banda não gravam um disco de hard rock do começo ao fim.
E foi basicamente isso o que ele se propôs a fazer aqui: um álbum com 11 faixas que trazem muito do rock de garagem e do R&B britânico dos anos 60, sempre filtrados por sua veia de grande melodista.
Essa opção por um disco mais "pesado", acabou resultando em um trabalho sem nenhuma balada ou faixa mais lenta, justamente um dos pontos fortes dele enquanto compositor. Felizmente, "Hypnotic Eye" tem tantos bons momentos que no final você nem vai se importar tanto com isso.
Ouça "Red River, com Tom Petty And The Heartbreakers, do álbum "Hypnotic Eye"