Queen - Live At The Rainbow '74
Queen
Queen Live at the Rainbow '74
Dá para imaginar um show do Queen em um teatro de médio porte, com um Freddie Mercury cabeludo e sem bigode, tocando um setlist sem épicos como "Bohemian Rhapsody" ou "We Are The Champions? Difícil né? Mas houve um tempo em que os shows da banda eram assim, mais precisamente há 40 anos.

E é para lá que esse lançamento - que sai em diversas configurações - nos leva. Para um tempo em que o grupo ainda buscava se destacar, mas já dava sinais de que não demoraria muito para que a tão sonhada consagração chegar.

Como o nome já diz, "Live At The Rainbow '74" flagra a banda no lendário teatro que hoje é a sede da Igreja Universal em Londres. A edição mais completa traz, em um CD duplo, os dois shows que a banda fez lá neste ano, além de um DVD com imagens do segundo show e muito material gráfico de bônus (incluindo uma cópia do ingresso que o pai do guitarrista Brian May usou para entrar no espetáculo).

Queen
O primeiro desses concertos aconteceu em março, durante a divulgação do segundo álbum da banda, um dos mais pesados e experimentais lançados por eles.

A audição ganha interesse pelo fato de quase todas esses músicas terem sido abandonadas nos shows posteriores do quarteto - a grande exceção é "Seven Seas Of Rhye" que, depois de passar um bom tempo longe do repertório deles, voltaria a ter posição de destaque nas duas últimas turnês da banda.

Também é curioso ver que o medley com hits dos anos 50 já marcava presença nos concertos do grupo desde o início.

Queen
Queen O Queen em 1974
O segundo CD traz um show gravado em novembro quando eles já divulgavam outro álbum, o pesado "Sheer Heart Attack" - o álbum que de fato abriu as portas do sucesso para a banda, graças a "Killer Queen", o primeiro hit internacional deles.

O setlist desse show traz obviamente mais faixas do álbum então recém-lançado, ainda que o esqueleto do espetáculo mantenha-se mais ou menos imutável.

O show também traz outra momento que se tornaria marca registrada da banda: o final com uma versão de "God Save The Queen" o hino da Grã Bretanha.

"Live At The Rainbow '74" é assim um documento histórico de uma das maiores bandas de todos os tempos. E chega a ser quase desnecessário recomendá-lo para os fãs do grupo e de classic rock em geral.

Veja um trecho do DVD que acompanha a edição deluxe de "Live At The Rainbow '74"





Ryan Adams - Ryan Adams
Ryan Adams
Ryan Adams Ryan Adams
No início da década passada parecia que Ryan Adams se tornaria uma das figuras mais importantes da música mundial: jovem, boa pinta, talentoso, prolífico, badalado por imprensa e colegas... ele parecia ter tudo.

Enfim, depois de dois álbuns excelentes, o ex-líder do igualmente ótimo Whiskeytown, basicamente se autossabotou. Além de enfrentar problemas com dependência química, que acabaram resultando em shows irregulares ou mesmo catastróficos, ele também passou a lançar discos de forma frenética.

Se nos anos 60 e 70 era até desejável que um artista lançasse ao menos um trabalho por ano, nos tempos atuais isso já não é mais algo interessante - da enorme quantidade de música que temos à disposição. E isso fica ainda mais complicado boa parte desses discos ficam no máximo dentro da média.

Ryan Adams
Felizmente, às vésperas de completar 40 anos, Adams parece ter retomado as rédeas de sua carreira com esse excelente álbum - seu décimo quarto! - que leva apenas o seu nome. Um disco maduro, recheado de canções fortes e executado com garra e emoção.

O nascimento do álbum foi complicado e envolveu até o abandono por completo de outro disco que já estava pronto e cujas gravações custaram mais de U$100 mil. Por isso ele demorou três anos para sair.

Claro que os fãs agora estão doidos para ouvir esse outro disco - e ele uma hora ou outra virá à luz seja de forma oficial ou não - mas por ora basta dizer que "Ryan Adams" é muito provavelmente o melhor lançamento dele desde seus já citados dois primeiros álbuns ("Heartbreaker" de 2000 e "Gold" do ano seguinte).

Ouça "Gimme Something Good" com Ryan Adams presente em seu álbum homônimo






Cachorro Grande - Costa Do Marfim
Cachorro Grande
Cachorro Grande Costa Do Marfim
Você jás abe o que esperar de um disco do Cachorro Grande certo? Influências de Beatles, Who, Oasis e Supergrass em canções simples e diretas que são cantadas e/ou berradas pelo vocalista Beto Bruno.

Bom, parece que a banda também se deu conta de que seu som estava se tornando formulaico e decidiu que havia chegado a hora de dar uma guinada radical em sua música.

Para isso os gaúchos chamaram o maior porra-louca do rock brasileiro, seu conterrâneo Edu K (do De Falla), para produzir o disco.

Cachorro Grande
Cachorro Grande O Cachorro Grande em seu novo visual
A escolha inusitada acabou se mostrando perfeita para a banda, que demonstra ter ampliado bastante seus horizontes musicais.

E foi assim que nasceu esse "Costa Do Marfim", um álbum surpreendente e que tem tudo para ser lembrado como um dos melhores discos de rock brasileiro de 2014 com sua mistura de rock, psicodelia, world music galhofeira e música eletrônica.

É bom dizer que o som da banda está mudado, mas que ele não se descaracterizou. Dessa forma é ótimo ouvir o rock clássico da banda abrindo espaço para as influências de Primal Scream, David Bowie e, principalmente, o rock dançante praticado pelo Kasabian.

A mistura do rock cru da banda com os truques de estúdio de Edu K funciona bem, e surpreende ver como o som tradicionalmente cru deles casou bem com a instrumentação eletrônica.

Ouça "Como Era Bom" com o Cachorro Grande, presente no álbum "Costa Do Marfim"