Led Zeppelin - Phisical Graffiti
A série de relançamentos dos álbuns de estúdio do Led Zeppelin começada no ano passado chega agora em seu estágio final com a chegada deste, o sexto álbum do quarteto - os outros dois discos devem retornar às lojas até o final do ano.
A escolha da data não foi por acaso, já que essa semana marcou os 40 anos do lançamento original do trabalho considerado não só um dos melhores da banda, como da história do rock. Mais uma vez é possível comprar o disco em diversos formatos dependendo da disponibilidade financeira do fã.
Há as versões em CD e vinil duplos, outra com mais um disco bônus, MP3 e a caixa "super deluxe" com o material nos três formatos e mais um livro em capa dura com muita memorabilia.
"Phisical Graffiti" flagra o grupo em um momento interessante. Aqui eles já eram efetivamente a maior banda do planeta, e começavam a demonstrar cansaço com toda adulação e selvageria que os cercava.
Novamente eles demoraram dois anos para lançar um disco - algo raro na época - mas o resultado final prova que a demora não foi por falta de material ou inspiração.
Na verdade o álbum não deveria ser duplo. O que aconteceu foi que ao final o grupo se viu com oito canções finalizadas que não caberiam em um só disco de vinil.
Entre cortar alguma dessas faixas ou buscar material aproveitável nos arquivos, eles optaram pela segunda hipótese e nascia assim um dos álbuns duplos mais celebrados de todos os tempos.
Para o fã casual, ou o neófito, "Physical..." talvez não seja a melhor porta de entrada para o universo do Led, já que, tirando "Kashmir", ele não tem grandes sucessos. Por esse mesmo motivo, esse é um álbum para o qual os fãs sempre retornam, já que ele semrpe esconde alguma surpresa. Por ser bem menos massificado que os discos anteriores aqui há sempre a chance de se redescobrir alguma canção da banda que passou despercebida em outras ocasiões.
"Phisical Graffiti" também mostra como o grupo estava cada vez melhor. Aqui eles atiram para todos os lados e acertam em todas.
O disco tem blues, faixas épicas quase progressivas, folk, rock pesado, baladas e incursões pioneiras pela world music em um disco que só melhora com o passar dos anos.
Sobre o material extra não há muito o que falar. O disco bônus traz sete músicas com faixas do álbum em mixagens alternativas que não acrescentam muito ao pacote - ainda que para os fãs que já ouviram o disco milhares de vezes seja legal ouvir as músicas em forma um pouco diferente. A exceção é "Everybody Makes It Through", a versão original de "In The Light" que mostra que a música mudou bastante até chegar à sua forma definitiva.
Ouça "Kashmir" com o Led Zeppelin presente em "Physical Graffiti"
Emile Haynie - We Fall
A lista de convidados que o produtor Haynie juntou em seu disco de estreia é impressionante e beira o inacreditável. Afinal não é qualquer um que consegue juntar em um mesmo trabalho lendas como Brian Wilson (a alma dos Beach Boys), Randy Newman e Colin Blunstone (dos Zombies), artistas respeitáveis como Rufus Wainwright e Charlotte Gainsbourg e estrelas do pop como Lykke Li e LAna Del Rey.
Que um produtor mais ligado ao mundo do pop e hip hop tenha feito um trabalho tão delicado e profundo é igualmente surpreendente.
Divulgação
Para quem não conhece, Haynie já trabalhou com Eminem, Kanye West, Bruno Mars e Lana Del Rey - ele é um dos produtores principais de "Born To Die", a estreia da cantora. Mas não espere ouvir muito desse seu lado nesse disco."We Fall" é um trabalho melancólico com grande influência do pop dos anos 60 e 70 e pela psicodelia, tanto a "original" quanto a das décadas seguintes praticada por gente como Flaming Lips, Spiritualized e Mercury Rev. O trabalho é filho direto do fim de uma relação amorosa que, tudo leva a crer, foi bastante dolorosa para ele.
Felizmente o artista conseguiu tirar algo de positivo dessa situação e o resultado é uma verdadeira surpresa. Escute e se emocione.
Ouça "Falling Apart (Feat. Andrew Wyatt and Brian Wilson) com Emile Haynie
Vários Artistas - Teletema
A história da música moderna do Brasil passa necessariamente pelos temas de novela. Afinal é difícil pensar em algum astro surgido depois da década de 70 que não tenha se beneficiado de uma música colocada de forma estratégica em algum folhetim de sucesso.
Esse disco lançado pela Som Livre é uma espécie de trilha sonora do livro homônimo de Guilherme Bryan e Vicent Villari que detalha como se deu esse casamento entre a MPB e as telenovelas. O álbum traz músicas do final dos anos 60 até 1989 o que o torna delicioso para os nostálgicos de todo o país.
A história começa com a inesquecível faixa que dá nome ao livro e disco (de "Véu de Noiva" de 1969), e segue com raridades como "Jazz Potatoes" de Jorge Ben (de "A Volta De Beto Rockfeller" a única faixa aqui que não saiu de uma novela da Globo) e passa por temas clássicos como "Paiol de Pólvora" (escrita e cantada por Toquinho e Vinícius para "O Bem Amado"), "Dancing Days" com As Frenéticas e muito mais.
A viagem termina no final dos anos 80 com "Brasil" de Cazuza na voz Gal Costa. A faixa ainda hoje resume perfeitamente não só a novela "Vale Tudo", uma das últimas que realmente "pararam o país" - o capítulo final teve mais de 80% de audiência - como aquele melancólico Brasil de 1988.
Veja a abertura de "Dancing Days" com seu tema cantado pelas Frenéticas