Para um evento que já teve headliners como Pearl Jam e Foo Fighters e outras dezenas de shows memoráveis em suas quatro edições anteriores, a escalação do Lollapalooza 2016 talvez tenha sido menos "estelar", mas no final das contas o saldo geral do evento foi positivo.
É verdade que nenhum show desta edição provavelmente ganhará o status de histórico, mas talvez a era desse tipo de concerto esteja chegando ao fim, com mais e mais astros se apresentando aqui, e a própria ideia de que um show de pop ou rock precisa ter algo de transcendental para "ter valido a pena".
Apesar de ter-se sentido falta de um nome de união ao evento - aquele que junta todos os públicos e faz com que até pessoas que não tem mais dinheiro/paciência/idade para encarar uma maratona dessas se desloquem até Interlagos - quem esteve no Autódromo neste final de semana (12 e 13) em algum momento conseguiu se divertir.
Com nomes de pop, rock, rap, indie e música eletrônica no line up, o Lolla 2016 teve um pouco para todo mundo. O que favorece a ideia de vários festivais em um.
Assim, digamos, os teens que vibraram com a cantora Halsey (ao lado), provavelmente ignoraram o punk rock do Bad Religion que agitou os roqueiros presentes - e vice-versa.
A parte estrutural também merece elogios. A entrada e a saída se deram sem maiores problemas e as vias estavam bem sinalizadas, facilitando , e muito, a vida daqueles que foram ao festival fazendo uso de transporte público.
As filas para comprar fichas em alguns pontos estavam mais carregadas, mas sempre era possível achar algum caixa com menos gente com alguma caminhada e o conceito de ter comida "de verdade" e bem feita em um festival também deveria servir de exemplo.
A maior dificuldade de um festival desses está na localização dos palcos. E este se mostra um problema de difícil solução. Palcos próximos facilitam a locomoção, mas podem apresentar vazamento sonoro, especialmente se em um está uma atração mais barulhenta e em outro uma mais calma.
Por outro lado, a distância acaba sendo um empecilho e muitos shows precisam ser sacrificados ou vistos apenas parcialmente por conta das caminhadas entre eles.
Ainda assim, no final o Lolla 2016 acaba saindo com um saldo positivo e, levando-se tudo em conta, segue como o modelo ideal de festival no Brasil, principalmente pro agregar, ao invés de segregar, os mais variados públicos.
Seguem abaixo dez destaques do Lollapalooza 2016 na opinião da equipe do Vagalume e sem ordem de preferência:
Tame Impala - A lisergia, sonora e visual, dos australianos cativou o público - a essa altura já bem numeroso - do festival nesta quarta vinda deles ao Brasil.
Mesmo sem fazer um som de fácil assimilação, a banda de Kevin Parker agradou fãs e certamente deixaram o palco com mais um número de "convertidos".
Halsey - Pela primeira vez no Brasil, Halsey encantou o público e para quem não conhecia o trabalho da artista foi conquistado pelo seu talento. Com um vocal impecável no palco, a cantora agitou o público tocando as faixas de seu álbum de estreia "Badlands", de 2015. "New Americana", canção que garantiu um destaque para a artista no cenário musical, foi, como esperado, o grande ápice. A cantora se mostrou impressionada ao ver que muita gente sabia as letras de todas suas músicas e prometeu que voltará ao país.
Eminem - O astro retornou ao Brasil depois de seis anos. O rapper apostou em seus antigos sucessos e dividiu o palco com Mr Porter, responsável por boa parte da interação com o público e por fazer vocal apoio para a estrela principal. "Won't Back Down (feat. Pink)" abriu o show, que deram sequência a "", "Kill You", entre outras. O músico ainda apresentou pequenos trechos de canções como "Rap God" e "The Way I Am". Os clássicos "Stan (feat. Dido)", "Like Toy Soldiers", "Love The Way You Lie (feat. Rihanna)", "My Name Is", "The Real Slim Shady" e "Not Afraid" levaram o público à loucura, assim como "Lose Yourself".
Alabama Shakes - com o público nas mãos e exibindo mais segurança de palco do que em 2013 a banda da vocalista Brittany Howard fez uma apresentação emocionante. O clima também fez a sua parte para ajudar na ambientação - o show começou debaixo de uma garoa e terminou com o céu se abrindo.
Noel Gallagher's High Flying Birds - O show teve cinco músicas do primeiro álbum solo do guitarrista, cinco do segundo e mais cinco dos tempos de Oasis.
Essas se dividiram entre músicas menos óbvias - "Listen Up, "Digsy's Dinner" e as clássicas "Champagne Supernova", "Wonderwall" e "Don't Look Back In Anger" - essas arrancando lágrimas e rendendo talvez os maiores coros de todo o festival.
Twenty One Pilots: O duo se apresentou pela primeira vez no Brasil na tarde deste domingo (13) e mostrou sua mistura de música eletrônica, rap, indie rock e reggae. Os músicos abriram o show com "Heavydirtysoul" e logo a emendaram com o sucesso "Stressed Out". O repertório também inclui "Car Radio", "Tear In My Heart", "Polarize" e "Lane Boy" entre outras. Na última música, Tyler colocou a bandeira do Brasil no pescoço e mandou um "obrigado".
Jack Ü: A dupla de DJs formada por Diplo e Skrillex fez o palco Onix se transformar em uma enorme pista de dança. O público foi à loucura quando eles tocaram um de seus maiores sucessos, a faixa "Where Are Ü Now (Feat. Justin Bieber)", que conta com a colaboração de Justin Bieber. Além disso, foi tocada ainda o mega hit "Sorry" do canadense. O espetáculo também teve direito a remixes de canções brasileiras como "Nam nam não (Veja só no que deu)", de Wesley Safadão e "Baile de Favela", do Mc João. O grande momento da noite foi a participação de Mc Bin Laden, que cantou "Tá Tranquilo Tá Favorável" agitando a plateia. Os dois ficaram tão impressionados com a energia do público que prometeram voltar ao Brasil todo ano.
Emicida: O grande destaque nacional foi para o rapper brasileiro. O artista cantou músicas do álbum mais recente como o sucesso "Passarinhos (Part. Vanessa da Mata)" e "Baiana (Part. Caetano Veloso)".
O setlist também incluiu canções do primeiro material de estúdio do rapper, como "Levanta e Anda (Part. Rael da Rima)" e "Gueto (Part. MC Guime)". Esta última teve a participação de MC Guime no palco. Drik Barbosa, Coruja BC1, Rico Dalasam, Muzzik e Raphão Alaafin também marcaram presença para fazer a performance de "Mandume"
Zedd: O DJ encerrou a apresentação do Lollapalooza 2016 simultaneamente com Florence + The Machine e Planet Hemp. O alemão tocou com bastante animação e fez o público dançar ao som dos seus hits "Clarity (Feat. Foxes)" e "I Want You To Know (Feat. Selena Gomez)" e de sucessos de outros artistas como "Rather Be (Feat. Jess Glynne)", do Clean Bandit, "Bad (Feat. Showtek, Vassy)", do David Guetta e "Rude", do MAGIC!.
Florence and the Machine - A maior atração da segunda noite correspondeu com um show de alto nível levando o público a momentos de catarse coletiva. Florence Welch mostrou voz impecável e domínio absoluto de palco e faz crer que ainda tem um longo e brilhante futuro pela frente.
É verdade que nenhum show desta edição provavelmente ganhará o status de histórico, mas talvez a era desse tipo de concerto esteja chegando ao fim, com mais e mais astros se apresentando aqui, e a própria ideia de que um show de pop ou rock precisa ter algo de transcendental para "ter valido a pena".
Apesar de ter-se sentido falta de um nome de união ao evento - aquele que junta todos os públicos e faz com que até pessoas que não tem mais dinheiro/paciência/idade para encarar uma maratona dessas se desloquem até Interlagos - quem esteve no Autódromo neste final de semana (12 e 13) em algum momento conseguiu se divertir.
Com nomes de pop, rock, rap, indie e música eletrônica no line up, o Lolla 2016 teve um pouco para todo mundo. O que favorece a ideia de vários festivais em um.
Assim, digamos, os teens que vibraram com a cantora Halsey (ao lado), provavelmente ignoraram o punk rock do Bad Religion que agitou os roqueiros presentes - e vice-versa.
A parte estrutural também merece elogios. A entrada e a saída se deram sem maiores problemas e as vias estavam bem sinalizadas, facilitando , e muito, a vida daqueles que foram ao festival fazendo uso de transporte público.
As filas para comprar fichas em alguns pontos estavam mais carregadas, mas sempre era possível achar algum caixa com menos gente com alguma caminhada e o conceito de ter comida "de verdade" e bem feita em um festival também deveria servir de exemplo.
A maior dificuldade de um festival desses está na localização dos palcos. E este se mostra um problema de difícil solução. Palcos próximos facilitam a locomoção, mas podem apresentar vazamento sonoro, especialmente se em um está uma atração mais barulhenta e em outro uma mais calma.
Por outro lado, a distância acaba sendo um empecilho e muitos shows precisam ser sacrificados ou vistos apenas parcialmente por conta das caminhadas entre eles.
Ainda assim, no final o Lolla 2016 acaba saindo com um saldo positivo e, levando-se tudo em conta, segue como o modelo ideal de festival no Brasil, principalmente pro agregar, ao invés de segregar, os mais variados públicos.
Seguem abaixo dez destaques do Lollapalooza 2016 na opinião da equipe do Vagalume e sem ordem de preferência:
Tame Impala - A lisergia, sonora e visual, dos australianos cativou o público - a essa altura já bem numeroso - do festival nesta quarta vinda deles ao Brasil.
Mesmo sem fazer um som de fácil assimilação, a banda de Kevin Parker agradou fãs e certamente deixaram o palco com mais um número de "convertidos".
Halsey - Pela primeira vez no Brasil, Halsey encantou o público e para quem não conhecia o trabalho da artista foi conquistado pelo seu talento. Com um vocal impecável no palco, a cantora agitou o público tocando as faixas de seu álbum de estreia "Badlands", de 2015. "New Americana", canção que garantiu um destaque para a artista no cenário musical, foi, como esperado, o grande ápice. A cantora se mostrou impressionada ao ver que muita gente sabia as letras de todas suas músicas e prometeu que voltará ao país.
Eminem - O astro retornou ao Brasil depois de seis anos. O rapper apostou em seus antigos sucessos e dividiu o palco com Mr Porter, responsável por boa parte da interação com o público e por fazer vocal apoio para a estrela principal. "Won't Back Down (feat. Pink)" abriu o show, que deram sequência a "", "Kill You", entre outras. O músico ainda apresentou pequenos trechos de canções como "Rap God" e "The Way I Am". Os clássicos "Stan (feat. Dido)", "Like Toy Soldiers", "Love The Way You Lie (feat. Rihanna)", "My Name Is", "The Real Slim Shady" e "Not Afraid" levaram o público à loucura, assim como "Lose Yourself".
Alabama Shakes - com o público nas mãos e exibindo mais segurança de palco do que em 2013 a banda da vocalista Brittany Howard fez uma apresentação emocionante. O clima também fez a sua parte para ajudar na ambientação - o show começou debaixo de uma garoa e terminou com o céu se abrindo.
Noel Gallagher's High Flying Birds - O show teve cinco músicas do primeiro álbum solo do guitarrista, cinco do segundo e mais cinco dos tempos de Oasis.
Essas se dividiram entre músicas menos óbvias - "Listen Up, "Digsy's Dinner" e as clássicas "Champagne Supernova", "Wonderwall" e "Don't Look Back In Anger" - essas arrancando lágrimas e rendendo talvez os maiores coros de todo o festival.
Twenty One Pilots: O duo se apresentou pela primeira vez no Brasil na tarde deste domingo (13) e mostrou sua mistura de música eletrônica, rap, indie rock e reggae. Os músicos abriram o show com "Heavydirtysoul" e logo a emendaram com o sucesso "Stressed Out". O repertório também inclui "Car Radio", "Tear In My Heart", "Polarize" e "Lane Boy" entre outras. Na última música, Tyler colocou a bandeira do Brasil no pescoço e mandou um "obrigado".
Jack Ü: A dupla de DJs formada por Diplo e Skrillex fez o palco Onix se transformar em uma enorme pista de dança. O público foi à loucura quando eles tocaram um de seus maiores sucessos, a faixa "Where Are Ü Now (Feat. Justin Bieber)", que conta com a colaboração de Justin Bieber. Além disso, foi tocada ainda o mega hit "Sorry" do canadense. O espetáculo também teve direito a remixes de canções brasileiras como "Nam nam não (Veja só no que deu)", de Wesley Safadão e "Baile de Favela", do Mc João. O grande momento da noite foi a participação de Mc Bin Laden, que cantou "Tá Tranquilo Tá Favorável" agitando a plateia. Os dois ficaram tão impressionados com a energia do público que prometeram voltar ao Brasil todo ano.
Emicida: O grande destaque nacional foi para o rapper brasileiro. O artista cantou músicas do álbum mais recente como o sucesso "Passarinhos (Part. Vanessa da Mata)" e "Baiana (Part. Caetano Veloso)".
O setlist também incluiu canções do primeiro material de estúdio do rapper, como "Levanta e Anda (Part. Rael da Rima)" e "Gueto (Part. MC Guime)". Esta última teve a participação de MC Guime no palco. Drik Barbosa, Coruja BC1, Rico Dalasam, Muzzik e Raphão Alaafin também marcaram presença para fazer a performance de "Mandume"
Zedd: O DJ encerrou a apresentação do Lollapalooza 2016 simultaneamente com Florence + The Machine e Planet Hemp. O alemão tocou com bastante animação e fez o público dançar ao som dos seus hits "Clarity (Feat. Foxes)" e "I Want You To Know (Feat. Selena Gomez)" e de sucessos de outros artistas como "Rather Be (Feat. Jess Glynne)", do Clean Bandit, "Bad (Feat. Showtek, Vassy)", do David Guetta e "Rude", do MAGIC!.
Florence and the Machine - A maior atração da segunda noite correspondeu com um show de alto nível levando o público a momentos de catarse coletiva. Florence Welch mostrou voz impecável e domínio absoluto de palco e faz crer que ainda tem um longo e brilhante futuro pela frente.