Bon Iver - 22, A Million
Quando lançou o misterioso, e belo, "For Emma, Forever Ago", Justin Vernon surpreendeu a crítica especializada com um disco belíssimo que fez dele também uma estrela da música independente.
Gravado apenas por ele em uma cabana, enquanto se recuperava de uma desilusão amorosa, tinha-se a impressão de que a alcunha Bon Iver era apenas um "nome fantasia" dado a ele para seu trabalho solo.
No segundo e homônimo trabalho, Vernon transformou o projeto em uma banda de fato.
No fundo ele sabia que não teria como repetir o primeiro disco e, inteligentemente, ele se abriu mais, ainda que o som ainda calcado na música folk.
Agora, cinco anos depois do segundo disco, Vernon acaba de lançar o terceiro disco do Bon Iver e não existe melhor termo para defini-lo que surpreendente.
Quem acompanhava os trabalhos paralelos do músico sabia que ele era bem mais que um autor de boas cantigas acústicas - não a toa até com Kanye West ele trabalhou. Mas, era de se imaginar que ele fosse manter essa sua faceta longe de seu trabalho principal.
Assim, convém dizer que 22, A Million não é nem de longe um trabalho fácil. A quantidade de experimentos em seus pouco mais de 30 minutos são impressionantes.
Sim, as melodias estão aqui, mas nunca entregues de forma simples. Justin processou eletronicamente quase tudo que gravou, especialmente as vozes - os coros sozinho usando um sampler e seu talento para criar harmonias impressionam.
Em resumo, um disco que fatalmente será lembrado como um dos melhores desse ano e quiçá da década, mas que precisa ser ouvido com calma e por várias vezes para que ele seja de fato entendido, e então apreciado.
Ouça "33 "GOD"" com o Bon Iver presente no álbum 22, A Million
Regina Spektor - Remember Us To Life
A russa radicada nos EUA Regina Spektor estava há tempos sem lançar um novo álbum. A espera é plenamente compensada com esse, que é o seu sétimo álbum em 15 anos.
"Remember Us To Life" mostra a cantora em fase mais amadurecida e extremamente inspirada. O disco traz uma série de baladas inspiradíssimas e com algumas das melodias mais fortes e belas já ouvidas recentemente.
Um disco recomendado especialmente para quem gosta de canções elaboradas que têm o piano como seu principal instrumento.
Ouça "Bleeding Heart" com Regina Spektor presente no álbum "Remember Us To Life"
Pixies - Head Carrier
No final dos anos 80 os Pixies ajudaram a criar o som da década seguinte. Os três primeiros lançamentos do quarteto, ainda hoje estão entre os mais interessantes e originais dos últimos 30 anos com sua mistura de esporro e calmaria - em resumo a fórmula que celebrizou o Nirvana.
O grupo encerrou suas atividades em 1992, sem ter feito todo o sucesso que merecia, e retornou 12 anos depois apenas para se apresentar ao vivo. Apenas em 2014, os fãs puderam ouvir um novo disco do grupo, o não mais que mediano "Indie Cindy".
Agora eles estão de volta, com uma nova baixista, Paz Lenchantin, e um álbum que se não atinge os níveis de brilhantismo de outrora também não decepciona e avança consideravelmente em relação ao trabalho anterior. A pegada aqui remete mais aos discos finais da banda - especialmente "Trompe Le Monde", de 1991 - com sua sonoridade um pouco mais amena - do que aos do início, uma opção que faz sentido para músicos que estão há quase 30 anos na estrada.
Os fãs de outrora certamente irão gostar ao menos de algumas dessas canções e quem nunca os escutou,e gosta de rock garageiro bem composto e tocado e nada óbvio, também poderá se interessar. Mas a esses cabe mais uma vez recomendar a audição de trabalhos como "Surfer Rosa" (1988) e "Doolittle" (1989) para enteder o porquê deles serem tão cultuados.
Ouça "Um Chagga Lagga" com os Pixies presente no álbum "Head Carrier"
As canções dos artistas citados nesse texto podem ser ouvidas na estação dedicada à música indie na Vagalume FM. Não deixe de ouvir!