Com apenas 15 anos de idade, a canadense Avril Lavigne subiu ao palco durante um show de Shania Twain para cantar com a estrela do country após ganhar uma promoção, e declarou à veterana que, um dia, seria uma "cantora muito famosa".

A adolescente tocava covers em livrarias e feiras frequentemente, até que um dia foi descoberta em Ontario por seu primeiro empresário. O encontro levou a loira a uma sessão de composição em Nova Iorque, onde a gravadora Arista Records a conheceu e a assinou, iniciando uma das histórias mais bem sucedidas do pop internacional deste século.

Acompanhe a trajetória da cantora disco a disco:

"Let Go" (4 de Junho de 2002)
Avril Lavigne
Avril Lavigne Let Go


Após se encontrar com L.A. Reid, o dono da Arista Records, em Nova Iorque, a canadense passou alguns meses trabalhando com Clif Magness em novas composições. Não era algo comum na época, mas a personalidade forte de Avril fez com que o selo permitisse que a cantora tivesse liberdade para seguir o estilo de música que desejasse ao escrever as próprias canções.

No entanto, a gravadora não aceitou bem a sonoridade pesada que Avril desejava, como na primeira música composta para o material, "Losing Grip" - os executivos queriam algo inspirado em Faith Hill, e não no punk, como a canadense queria. Lavigne só conseguiu fazer o projeto ir para frente quando juntou as coisas e se mudou para Los Angeles, conhecendo o The Matrix, grupo de compositores e produtores.

Em uma única sessão, os artistas conseguiram criar nada menos do que "Complicated", que deu o pontapé definitivo para que o disco fosse finalizado. Junto com o Matrix, Avril ainda compôs os hits "I'm With You" e "Sk8er Boi", além de "Things I'll Never Say" e "Anything But Ordinary".

O sucesso foi imediato; assim que o álbum chegou às lojas, o carro-chefe "Complicated" já dominava as paradas do Reino Unido, Estados Unidos e Canadá, e no ano seguinte seria indicada a um Grammy na categoria "Canção do Ano". Em 2004, a cantora ganhou mais uma indicação na categoria, mas desta vez pela balada "I'm With You".

"Let Go" (nome escolhido pela canadense) tornou Lavigne a artista mais jovem a ter um álbum número um no Reino Unido, e acertou em cheio não só com o público; a crítica especializada incluiu o material em praticamente todas as listas de melhores do ano, e até hoje considera o disco um dos mais importantes lançamentos dos anos 2000. Em sua terra natal, o disco tem um certificado de Diamante.

"Under My Skin" (19 de Maio de 2004)
Avril Lavigne
Avril Lavigne Under My Skin


Depois da explosão que seu primeiro disco causou, era natural que a pressão aumentasse para a criação do segundo LP da cantora. Entretanto, em vez de contar com a ajuda de produtores conceituados e compositores famosos, Avril se recluiu em Malibu com o casal Chantal Kreviazuk e Raine Maida, e compôs e gravou grande parte do álbum lá.

Esta foi a primeira vez que a canadense se aventurava produzindo as próprias músicas. "Eu me envolvi muito em cada aspecto da criação deste disco. Eu trabalhei bastante, sabia como queria a bateria, a sonoridade das guitarras, as estruturas. Eu entendo o processo muito melhor agora, pois já passei por isso", declarou a loira na época.

Sem muita supervisão da gravadora, que a essa altura já havia aceitado a visão da cantora, o álbum acabou se tornando muito mais pesado do que o primeiro, sendo comparado, por alguns críticos, com o som do Evanescence. E não é por acaso que Ben Moody, ex-guitarrista da banda, participou da composição de "Nobody's Home", um dos sucessos do LP.

O maior hit de "Under My Skin", "My Happy Ending", foi resultado da parceria de Lavigne com o metaleiro Butch Walker, que também produziu o carro-chefe "Don't Tell Me" e "Freak Out". "He Wasn't", o último single do álbum, foi criado pela loira com o casal Kreviazuk e Maida.

O lançamento do disco causou mais um estrondo internacionalmente: o material estreou no topo da Billboard 200, a parada de álbuns dos EUA, e conseguiu certificado de platina em 12 países, além de arrematar uma placa de Diamante no Japão.

Avril Lavigne
Avril Lavigne The Best Damn Thing
"The Best Damn Thing" (17 de Abril de 2007)

Avril não tinha mais o que provar, com dois álbuns bem-sucedidos, turnês internacionais esgotadas, hits número um nas rádios pop e o respeito da crítica. Ao começar o terceiro disco, a cantora se desfez das exigências da gravadora e se tornou a produtora executiva do material, impedindo que qualquer pessoa ouvisse as gravações ou desse opiniões sobre o projeto.

A grande mudança na sonoridade de Lavigne pode ser atribuída às principais mudanças que ocorreram entre "Under My Skin" e o novo ciclo: seu casamento com Deryck Whibley do Sum 41 ("Estou em um momento muito feliz", declarou a loira na época) e a colaboração com produtores como Dr. Luke. "Eu nem o conhecia", disse a cantora em entrevistas, afirmando que escolheu o sueco após conhecê-lo aleatoriamente.

Juntos, Luke e Avril compuseram o primeiro single número um da carreira da artista nos EUA, "Girlfriend", que chocou muitos fãs ao ser lançada (mas fez tanto, tanto sucesso que ganhou versões em sete línguas diferentes). O produtor ainda participou da criação de quatro outras faixas do disco, que não foram promovidas oficialmente, como "Runaway" e "I Can do Better" (que, a pedido da cantora, trazem Travis Barker do blink-182 na bateria).

As parcerias do disco não param por aí: Rob Cavallo (que chamou a atenção da canadense por produzir o Goo Goo Dolls) é responsável pela balada "Innocence", composta por Lavigne e o guitarrista Evan Taubenfeld, que também ajudou a escrever o sucesso "Hot". Finalmente, Butch Walker aparece novamente devido ao hit "My Happy Ending", e sem qualquer surpresa, a colaboração rendeu mais sucessos - "When You're Gone" e a faixa título "The Best Damn Thing".

Mesmo mudando completamente a imagem e o som com os quais a artista havia conquistado milhões de fãs e admiradores, o material acabou agradando o público, se tornando o maior sucesso comercial da carreira de Avril. A crítica ficou dividida, mas mesmo assim confirmou o talento inegável da cantora para criar músicas pop de qualidade. Estreando em primeiro lugar em 16 países, o álbum ainda recebeu certificados de platina e diamante.

"Goodbye Lullaby" (2 de Março de 2011)
Avril Lavigne
Avril Lavigne Goodbye Lullaby


Da mesma maneira que sua carreira estava melhor do que nunca, sua vida pessoal começou a ruir com o fim de seu relacionamento com Whibley. Após a turnê "Best Damn Tour", que viajou o mundo em 2008, a cantora se trancou em casa com o marido para criar o quarto álbum no estúdio que montaram na Califórnia, e juntos, os artistas escreveram e gravaram grande parte do material.

Entretanto, em outubro de 2009, Avril pediu divórcio do vocalista do Sum 41, tirando o foco de sua música por um momento. Apesar de já estar quase pronto, o álbum foi adiado pela gravadora RCA, que ouviu o material e o considerou "pesado" e "sério" demais.

A intenção de Avril com o LP era retirar todo o barulho que embalou seus três primeiros trabalhos, e se focar em violões e no piano em números mais acústicos e introspectivos. Para isto, a própria artista produziu canções como "4 Real" e "Goodbye", enquanto o ex-marido leva os créditos de produção em "Push" e "Everybody Hurts", compostas por Lavigne e o colaborador de longa data Evan Taubenfeld.

O selo RCA, por sua vez, não permitiu que o material fosse lançado apenas com esta proposta, impedindo o lançamento mais uma vez. Assim, o hitmaker Max Martin foi chamado para criar faixas mais "animadas" e que pudessem funcionar nas rádios americanas. Assim, Avril, Max e Shellback colaboraram no carro-chefe "What The Hell" e nas outras músicas de trabalho do disco: "Smile" e "Wish You Were Here".

Com a escolha dos singles, o público em geral não pôde entender a visão original da canadense para o disco, que em sua raiz trazia de volta o som que lançou Avril em 2002. Assim, as vendas do material foram as piores de sua carreira, devido também ao atraso de dois anos para o seu lançamento. "Goodbye Lullaby" ainda conseguiu certificados de platina em mercados como do Brasil e Japão, mas falhou em emplacar hits ao redor do mundo, com "What The Hell" chegando apenas ao top 20 americano.

Avril Lavigne
Avril Lavigne Avril Lavigne
"Avril Lavigne" (1 de Novembro de 2013)

Avril começou a trabalhar no sucessor de seu quarto álbum no início de 2012, e convidou Chad Kroeger, líder do Nickelback, para ajudá-la a compor algumas canções. A química dos artistas no estúdio deu tão certo que virou um romance, e em julho do mesmo ano, a dupla anunciava seu noivado.

Com isso, a parceria de Avril e Chad rendeu várias músicas "animadas" e "felizes", como as dançantes "Sippin' On Sunshine" e "Bitchin' Summer". A maior parte do disco foi composta e produzida pelo casal, em colaboração com David Hodges, um outro ex-Evanescence. Hodges participou de praticamente todas as faixas do material, exceto por "17", "You Ain't Seen Nothin' Yet" e "Falling Fast" - as duas últimas, compostas apenas pela canadense.

Nenhum de seus colaboradores antigos aparece aqui; com o som totalmente novo, Lavigne apostou em batidas eletrônicas (evidentes na polêmica "Hello Kitty") e em um rock pesado, tomando a liberdade de convidar Marilyn Manson para cantar em "Bad Girl (Feat. Marilyn Manson)".

Assim como em seu disco anterior, as vendas já não igualaram os primeiros anos de sua carreira, e os singles "Here's To Never Growing Up", "Rock N Roll" e "Let Me Go (Feat. Chad Kroeger)" (dueto com o então noivo Chad Kroeger) falharam em se tornarem hits internacionalmente. Mesmo assim, o carro-chefe chegou ao top 10 de alguns mercados asiáticos, como Taiwan, e o álbum estreou no top 5 americano assim como todos os LPs anteriores.

Músicas como "Give You What You Like", uma das favoritas de Avril no material, agradaram a crítica, que em geral deu notas favoráveis ao disco. Criado para dar uma sensação nostálgica ao ouvinte, o álbum levou Lavigne a todos os cantos do mundo novamente com a "Avril Lavigne Tour".