O enorme sucesso de "Bohemian Rhapsosdy", a cinebiografia do Queen e seu vocalista Freddie Mercury, está não só renovando o interesse do público pela banda, como também fazendo com que mais gente se interesse pelo quarteto.

Como já foi bastante discutido pela imprensa e fãs, o filme apresenta uma versão condensada, e nem sempre apurada, da história do grupo. A maior crítica está na opção pelo uso de uma cronologia "livre" - assim, uma canção originalmente lançada em 1978, como "Fat Bottomed Girls", em "Bohemian Rhapsody" pode ser usada em uma cena que se passa anos antes. A ideia desse texto não é a de corrigir essas imprecisões, ainda que em alguns momentos isso será feito, mas o de tentar mostrar o que se passou com a banda depois do concerto no Live Aid, que é até onde o longa-metragem avança.

O Queen
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Diferentemente do que se vê no filme, oficialmente Mercury só soube que era HIV positivo em 1987 - ainda que os autores do livro "Somebody to Love: The Life, Death and Legacy of Freddie Mercury" defendam que o cantor já estava com a doença desde 1982.

Inspirados pelo festival, a banda compôs "One Vision", lançada em single em novembro de 1985, quatro meses depois da performance icônica no estádio de Wembley. No Reino Unido ela chegou no sétimo posto, mas nos EUA, onde eles nunca mais recuperaram o sucesso, conseguido nos primeiros anos da década de 80, ela não passou do 62° posto.

Em 1986, a banda lançou o álbum "A Kind Of Magic", que trouxe como maiores sucessos a faixa-título (terceiro no Reino Unido), além de "Friends Will Be Friends" e "Who Wants To Live Forever".

Na sequência, o Queen embarcou em sua derradeira turnê, a vitoriosa "Magic Tour" que teve 26 shows em estádios e espaços ao ar livre da Europa (os shows no Rock in Rio, que no filme surgem como ocorridos nos anos 70, na verdade foram feitos em 1985). O último concerto aconteceu em 9 de agosto de 1986 no gigantesco Knebworth Park na Inglaterra, sendo que dois meses antes eles já haviam feito quatro apresentações igualmente grandiosas no país.

Com a descoberta da doença de Mercury, o Queen se torna uma banda exclusivamente de estúdio, e só a partir daqui é tomada a decisão de se creditarem os composições a todos os seus integrantes. Eles lançam ainda dois discos: "The Miracle" de 1989 e "Innuendo" de 1991 (ambos chegam ao topo da parada britânica e no top 30 dos EUA).

O álbum final, "Made In Heaven", também n° 1 na Grã Bretanha, saiu em 1995 e foi completado por Brian May, Roger Taylor e John Deacon a partir de gravações deixadas por Mercury.

O Queen pós-morte de Freddie Mercury
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Mercury morreu em 24 de novembro de 1991. Cerca de um ano depois, um grande concerto em sua homenagem foi organizado pelos sobrevivente no estádio de Wembley. George Michael, David Bowie, Metallica, Guns N Roses e Liza Minelli foram alguns dos nomes que cantaram sucessos da banda em um evento que foi transmitido para todo o mundo e arrecadou dinheiro para uma fundação que levou o nome do cantor dedicada a angariar fundos para ajudar nas pesquisas para o tratamento do HIV.

Também em 1992, a comédia "Wayne's World" (ou "Quanto Mais Idiota Melhor") usou "Bohemian Rhapsody" em uma de suas cenas mais divertidas e famosas. O famoso clipe de 1975 foi reeditado com imagens do filme e a música chegou ao segundo lugar no EUA (sete posições acima do que em seu lançamento original).

O filme que está agora nos cinemas presta uma homenagem carinhosa, e certamente bem humorada, a esse fato quando coloca o protagonista de "Wayne's World", Mike Myers no papel de um executivo, fictício, da EMI que se mostra contra o lançamento da música que iria definir a banda em compacto e "prevê" que desse jeito, em breve o quarteto estará totalmente esquecido.

Em 1995, como já dito, foi lançado "Made In Heaven", um álbum póstumo onde a banda principalmente finalizou músicas que Mercury havia deixado inacabadas - eles também deram o "toque do Queen para canções que ele gravou em seu disco solo e também com o The Cross de Roger Taylor.

John Deacon se apresentou apenas mais duas vezes com seus ex-colegas e com eles ainda gravou "No-One But You (Only The Good Die Young)" em 1997 para uma compilação.
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Queen Adam Lambert entre Roger Taylor e Brian May

A partir dali ele sumiu da vida pública deixando que May e Taylor assumissem a função de manter o legado da banda vivo, através de relançamentos, participações em programas de televisão e também em projetos como o musical "We Will Rock You" ou o próprio "Bohemian Rhapsody".

A dupla também se juntou na década passada a Paul Rodgers, o ex-vocalista do Free e Bad Company, para uma turnê de sucesso e um (não muito bem sucedido) álbum. Atualmente eles excursionam de tempos em tempos com Adam Lambert em shows emotivos e marcados pelo clima nostálgico. O Queen entrou para o Rock and Roll Hall Of Fame em 2001.

Os integrantes
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O álbum solo de Freddie Mercury, que no filme é mostrado como um ponto de divisão da banda, mas que na verdade não parece ter causado tanta celeuma, foi lançado no final de 1985. "Mr. Bad Guy" chegou a ter um single de sucesso, "I Was Born To Love You", que foi retrabalhado uma década depois pelos demais integrantes do Queen e incluído no álbum póstumo "Made In Heaven" que foi batizado com outra canção deste disco que passou pelo mesmo processo. O disco chegou no sexto posto no Reino Unido, mas amargou um 159° nos EUA.

Mercury teve mais sucesso em 1987 com a sua regravação de "The Great Pretender", o velho hit dos Platters que chegou ao sexto lugar no Reino Unido e tocou bastante também no Brasil.

Foi também em 1987 que ele se uniu à soprano Montserrat Caballé para uma sonhada colaboração com um grande nome da ópera mundial. O encontro rendeu o compacto "Barcelona" (oitavo lugar no Reino Unido e segundo quando ele foi relançado depois de sua morte , em 1992) e um álbum de mesmo nome.

Brian May letras
Em 1983, ou seja antes de Mercury, quem lançou um trabalho solo foi o guitarrista Brian May. O pouco conhecido "Star Fleet Project" é um EP gravado de forma quase improvisada que rendeu um clipe de sua faixa-título (ele passou com certa frequência nas nossas televisões na época) e vale por marcar o encontro entre May e Eddie Van Halen.

Em 1992 ele lançou seu primeiro álbum, "Back to the Light" e saiu em turnê - com ninguém menos que os Paralamas do Sucesso sendo convidados para abrir os concertos na Inglaterra. O guitarrista também gravou com a banda brasileira - "El Vampiro Bajo El Sol" está em "Severino", o disco de 1994 do trio.

Brian May também finalmente pôde terminar a sua tese de doutorado em Astrofísica que foi abandonada nos anos 70 e trabalhou em projetos com a NASA.

O primeiro integrante do Queen a lançar um disco solo foi Roger Taylor. "Fun In Space" saiu em 1981 e chegou a um respeitável 18° lugar no Reino Unido. Ainda com a banda na ativa ele lançou mais um álbum solo e outros três com o The Cross, onde deixou a bateria para tocar guitarra, além de cantar.
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Depois da morte de Freddie, Taylor gravou mais três discos solo - todos feitos sem maiores expectativas de sucesso mercadológico, entre os intervalos de suas obrigações em lidar com o legado do Queen.

John Deacon, como já dissemos, aos poucos abandonou a carreira artística e a vida pública. Desde 1997 que ele vive uma vida pacata e simples, apesar de ser dono de uma das maiores fortunas do Reino Unido. Deacon não dá entrevistas e também não conversa com May e Taylor.

Ainda assim, ele apoia o trabalho que os dois fazem para manter vivo o legado da banda - seja no palco, teatro, cinema ou com os lançamentos de material de arquivo. Segundo May, ele também está sempre ciente de todo o lado financeiro que envolve a marca Queen.


Mary Austin, Jim Hutton e Paul Prenter
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Os três principais coadjuvantes da história tiveram destinos bem diferentes entre si. Mary Austin, a namorada que se torna a mais importante pessoa na vida de Mercury, esteve por todo o tempo ao lado do vocalista, inclusive em seus momentos finais.

Além de ter herdado boa parte de sua fortuna, Austin também é a única pessoa que sabe onde estão as cinzas do artista - Mercury disse que não queria que tal informação viesse a público. Foi ela também a primeira a saber que o artista era HIV positivo. Ela mora na mansão que pertenceu a Freddie e raramente é vista mesmo por seus vizinhos.
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Jim Hutton, o último companheiro do cantor, morreu em 2010 vítima de câncer no pulmão aos 60 anos. Desde 1990, ou seja ainda quando estava com Mercury, o ex-cabeleireiro também era HIV positivo, e teve que lidar com a doença pelo resto de sua vida. Em 1994 ele publicou a sua autobiografia "Mercury and Me".

A coisa mais próxima de um vilão no filme, Paul Prenter, foi o assistente pessoal de Mercury entre 1977 e 1986, ou seja, depois do Live Aid. Os dois também viveram um caso amoroso e ele foi excluído do círculo do cantor e da banda quando vendeu a sua história para o tabloide The Sun.
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Ele tentou se desculpar posteriormente, mas sem sucesso. Freddie nunca mais falou com o antigo funcionário/parceiro. Ele também foi vítima do HIV, tendo morrido em agosto de 1991, três meses antes de Mercury.