O sueco Eagle-Eye Cherry despontou no mundo da música pop no final dos anos 90 e logo em seu primeiro álbum. "Desireless" ganhou disco de platina nos EUA e de ouro no Reino Unido graças em parte ao single "Save Tonight", que se tornou um grande hit.
Apesar de estreante, o cantor já tinha o talento em sua família: ele é filho do trompetista Don Cherry, uma figura das mais fascinantes da música do século 20, que deixou seu nome no jazz e na world music e irmão de Neneh Cherry, outra cantora com uma carreira das mais curiosas.
Eagle-Eye está no Brasil para shows hoje (23), em São Paulo, amanhã (24), no Rio de Janeiro, e sexta-feira dia 25, em Curitiba, e falou com o Vagalume sobre a sua carreira e a relação que nutre com o país. "Esse é um relacionamento que foi sendo construído mais e mais e eu sempre fico feliz em retornar. Há mais de um ano que estamos em turnê e quando vi que ela seria encerrada aqui no Brasil, eu fiquei muito feliz, porque é um lugar ótimo para se tocar e sempre passo ótimos momentos por aqui". Sobre a boa receptividade que encontra no Brasil ele diz não saber o motivo dessa conexão e brinca "acho que é porque vocês têm bom gosto" (risos).
A verdade é que ele acabou criando vínculos com o Brasil desde 1999, quando cantou no país pela primeira vez. Em 2010 ele lançou em DVD e CD o show que fez no Circo Voador, no Rio de Janeiro, sob o nome "Stage Rio", um ótimo registro que contou ainda com a participação especial de Maria Gadu em "Alone". Cherry conta que já tem algum tempo que eles não se encontram e também que está precisando se inteirar sobre as novidades da nossa música.
A turnê que passa agora pelo Brasil divulga "Streets of You", o primeiro álbum em seis anos, marcado por sua pegada pop contemporânea, ainda que seja um trabalho acima de tudo orgânico. "Eu sumi por vários anos, porque estava cansado... até que comecei a sentir falta de sair em turnê, e então resolvi gravar um novo disco."
"Eu não estava querendo me reinventar. Eu gosto de criar as músicas no violão e depois, com a banda, criar as paisagens sonoras em cima delas. Eu amo gravar com uma banda e é assim que a gente faz. E acho que esse álbum captura esse sentimento mais do que qualquer outro que tenha feito."
Apesar dessa paixão pela música gravada e tocada ao vivo, Eagle-Eye também está aberto para outras sonoridades, seu mais recente single é uma colaboração com o produtor de música eletrônica Thomas Gold. O curioso é o modo como a parceria nasceu. Quase sempre nesses casos, o cantor é convidado a criar uma melodia em cima de uma base pré-gravada, mas aqui o caminho foi o inverso.
"Eu tinha essa canção que foi escrita para o "Streets of You", mas acabou de fora do álbum por achar que ela tinha uma pegada de música para as pistas. Então eu falei para o meu empresário ir atrás de alguém que quisesse fazer esse trabalho. Eu sequer estava querendo cantar na faixa, mas o Thomas Gold disse que queria a minha voz nela. Aí eu disse 'ok, vamos ver como eu vou soar nesse tipo de música'" (risos).
Relembrando o passado
Como já dissemos, Eagle-Eye vem de uma família musical e teve contato desde cedo com grandes nomes da música. Um bom exemplo está em uma história de sua primeira visita ao Brasil, em 1999 quando ele se apresentou no extinto Free Jazz Festival. Lembramos o cantor de que antes dele subir ao palco, o lendário percussionista Naná Vasconcelos (1944-2016) deu uma entrevista para a televisão onde se lembrava de ter pegado o "pequeno Eagle-Eye" no colo e como estava feliz em vê-lo agora também no palco.
Cherry diz que não viu essa entrevista, mas que se lembra de ter chamado Naná para participar do show e de ter uma foto desse encontro. "O meu pai tinha morrido há pouco tempo (em 1995) e ele e o Naná eram como irmãos", relembra emotivo.
Perguntamos então o que ele de fato sentiu quando escutou pela primeira vez os trabalhos de seu pai, especialmente os que gravou como músico de Ornette Coleman no fim dos anos 50 e início dos 60, certamente alguns dos mais radicais e fora do padrão do século 20. Cherry é sincero e diz que de fato não conseguia entender discos como esses, e que álbuns como "Brown Rice", ou os gravados com o trio Codona (que tinha Naná Vasconcelos em sua formação) lhe agradavam mais. "Mas nos anos 90, quando eu comecei a revisitar os discos do Ornette Coleman, foi quando eu pensei 'ahhhh, agora eu entendo!'" (risos). Mais sério, ele reconhece que a música criada por Ornette e seu pai era de fato transcendental. "Eles estão na estratosfera, é uma música muito corajosa, era quase que a música punk da época."
Não à toa, anos depois, Don acabaria colaborando com Lou Reed, Ian Dury ou as Slits, encontrando no rock mais vanguardista um novo veículo de expressão. "Ele adorava conhecer novas músicas e novos sons. Meu pai foi uma figura fantástica", conclui.
Os shows
O cantor se apresenta hoje (23), em São Paulo, no Cine Joia, amanhã (24), no Circo Voador, no Rio de Janeiro, e sexta-feria (25), em Curitiba, no Teatro Positivo.
Ouça "Save Tonight"
E também o álbum "Streets of You"
Apesar de estreante, o cantor já tinha o talento em sua família: ele é filho do trompetista Don Cherry, uma figura das mais fascinantes da música do século 20, que deixou seu nome no jazz e na world music e irmão de Neneh Cherry, outra cantora com uma carreira das mais curiosas.
Eagle-Eye está no Brasil para shows hoje (23), em São Paulo, amanhã (24), no Rio de Janeiro, e sexta-feira dia 25, em Curitiba, e falou com o Vagalume sobre a sua carreira e a relação que nutre com o país. "Esse é um relacionamento que foi sendo construído mais e mais e eu sempre fico feliz em retornar. Há mais de um ano que estamos em turnê e quando vi que ela seria encerrada aqui no Brasil, eu fiquei muito feliz, porque é um lugar ótimo para se tocar e sempre passo ótimos momentos por aqui". Sobre a boa receptividade que encontra no Brasil ele diz não saber o motivo dessa conexão e brinca "acho que é porque vocês têm bom gosto" (risos).
A verdade é que ele acabou criando vínculos com o Brasil desde 1999, quando cantou no país pela primeira vez. Em 2010 ele lançou em DVD e CD o show que fez no Circo Voador, no Rio de Janeiro, sob o nome "Stage Rio", um ótimo registro que contou ainda com a participação especial de Maria Gadu em "Alone". Cherry conta que já tem algum tempo que eles não se encontram e também que está precisando se inteirar sobre as novidades da nossa música.
A turnê que passa agora pelo Brasil divulga "Streets of You", o primeiro álbum em seis anos, marcado por sua pegada pop contemporânea, ainda que seja um trabalho acima de tudo orgânico. "Eu sumi por vários anos, porque estava cansado... até que comecei a sentir falta de sair em turnê, e então resolvi gravar um novo disco."
"Eu não estava querendo me reinventar. Eu gosto de criar as músicas no violão e depois, com a banda, criar as paisagens sonoras em cima delas. Eu amo gravar com uma banda e é assim que a gente faz. E acho que esse álbum captura esse sentimento mais do que qualquer outro que tenha feito."
Apesar dessa paixão pela música gravada e tocada ao vivo, Eagle-Eye também está aberto para outras sonoridades, seu mais recente single é uma colaboração com o produtor de música eletrônica Thomas Gold. O curioso é o modo como a parceria nasceu. Quase sempre nesses casos, o cantor é convidado a criar uma melodia em cima de uma base pré-gravada, mas aqui o caminho foi o inverso.
"Eu tinha essa canção que foi escrita para o "Streets of You", mas acabou de fora do álbum por achar que ela tinha uma pegada de música para as pistas. Então eu falei para o meu empresário ir atrás de alguém que quisesse fazer esse trabalho. Eu sequer estava querendo cantar na faixa, mas o Thomas Gold disse que queria a minha voz nela. Aí eu disse 'ok, vamos ver como eu vou soar nesse tipo de música'" (risos).
Relembrando o passado
Como já dissemos, Eagle-Eye vem de uma família musical e teve contato desde cedo com grandes nomes da música. Um bom exemplo está em uma história de sua primeira visita ao Brasil, em 1999 quando ele se apresentou no extinto Free Jazz Festival. Lembramos o cantor de que antes dele subir ao palco, o lendário percussionista Naná Vasconcelos (1944-2016) deu uma entrevista para a televisão onde se lembrava de ter pegado o "pequeno Eagle-Eye" no colo e como estava feliz em vê-lo agora também no palco.
Cherry diz que não viu essa entrevista, mas que se lembra de ter chamado Naná para participar do show e de ter uma foto desse encontro. "O meu pai tinha morrido há pouco tempo (em 1995) e ele e o Naná eram como irmãos", relembra emotivo.
Perguntamos então o que ele de fato sentiu quando escutou pela primeira vez os trabalhos de seu pai, especialmente os que gravou como músico de Ornette Coleman no fim dos anos 50 e início dos 60, certamente alguns dos mais radicais e fora do padrão do século 20. Cherry é sincero e diz que de fato não conseguia entender discos como esses, e que álbuns como "Brown Rice", ou os gravados com o trio Codona (que tinha Naná Vasconcelos em sua formação) lhe agradavam mais. "Mas nos anos 90, quando eu comecei a revisitar os discos do Ornette Coleman, foi quando eu pensei 'ahhhh, agora eu entendo!'" (risos). Mais sério, ele reconhece que a música criada por Ornette e seu pai era de fato transcendental. "Eles estão na estratosfera, é uma música muito corajosa, era quase que a música punk da época."
Não à toa, anos depois, Don acabaria colaborando com Lou Reed, Ian Dury ou as Slits, encontrando no rock mais vanguardista um novo veículo de expressão. "Ele adorava conhecer novas músicas e novos sons. Meu pai foi uma figura fantástica", conclui.
Os shows
O cantor se apresenta hoje (23), em São Paulo, no Cine Joia, amanhã (24), no Circo Voador, no Rio de Janeiro, e sexta-feria (25), em Curitiba, no Teatro Positivo.
Ouça "Save Tonight"
E também o álbum "Streets of You"