Há exatos 50 anos um disco com uma pirâmide sendo atravessada por um prisma chegava às lojas. Poucos imaginavam, incluindo aí os seus autores, que o tal trabalho iria vender cerca de 45 milhões de cópias e se tornar um dos mais emblemáticos e conhecidos de toda a história do rock. Falamos, claro, de "The Dark Side Of The Moon", a obra-prima do Pink Floyd.
Como todo caso do tipo, é difícil saber exatamente o que o quarteto inglês fez aqui que conseguiu atrair tanta gente. As teses sempre variaram, inclusive as "menos nobres" do tipo "boa trilha para embalar momentos de chapação" ou "ótimo disco para testar o aparelho de som" (fato, o LP é muitíssimo bem produzido e cheio de feitos sonoros).
A verdade é que o trabalho de Roger Waters, David Gilmour, Richard Wright e Nick Mason, e aqui é importante citarmos os quatro integrantes, tem o poder de atingir o emocional das pessoas. Seus temas passam longe do banal e tocam nervos profundos. Versos como "Você é jovem, a vida é longa,/E há tempo para desperdiçar/Até que um dia você descobre/Que dez anos ficaram para trás", de "Time" são daqueles que sempre fazem pensar.
"Dark Side" é daqueles discos que oferecem um cardápio variado: ele vai do pop ao experimental e do direto ao épico. Apesar de serem identificados com o rock progressivo, gênero onde muitas vezes a técnica de seus membros causava admiração, mas também distanciamento, o Floyd nunca caiu na armadilha do exibicionismo puro e simples.
Os próprios solos de Gilmour comprovam isso. Ainda que exibam um músico com pleno domínio de seu instrumento, eles são acima de tudo, líricos e não desculpas para demonstrar destreza - para não falar na beleza de seu timbre, daqueles facilmente identificáveis.
Como já dissemos este foi um trabalho coletivo, ainda que Waters tenha apontado a direção do barco, ao escrever todas as letras e amarar o conceito geral - algo como uma espécie de tratado sobre a paranoia. Mas é impossivel imaginar o LP sem a voz de Gilmour e as intervenções de Wright,
Dois dos momentos mais impressionantes do disco do disco têm os dedos do tecladista: "The Great Gig in the Sky" (com o vocal de Clare Torry que, anos depois, conseguiu na justiça um crédito de coautora) e "Us And Them"
Foi também nesse momento que o grupo se encontrou musicalmente de vez. O Pink Floyd começou como uma banda de rock psicodélico, possivelmente a melhor de todas, ao menos entre as inglesas, mas logo sofreu um baque quando o líder Syd Barrett, literalmente, pirou para nunca mais voltar
Ainda que ele só tenha morrido em 2006, seu "fantasma" paira sobre "Dark Side...", afinal quem mais seria o "lunático na grama" de "Brain Damage" ("Dano Cerebral") além dele?.
Waters, Wright e Mason chamaram Gilmour, que era amigo de Syd, para o posto de guitarrista e eventual cantor. Entre 1968 e 1972 o Floyd faz uma série de experimentos em forma de disco em busca de uma identidade definitiva. "Meddle", de 1971, mostrou que eles estavam quase lá, o que se confirmou em "DSOTM".
O oitavo LP elevou-os ao nível de superestrelas e nada mais foi como antes. O álbum seguinte, o igualmente impactante "Wish You Were Here" (1975), ainda pode ser visto como um LP minimamente democrático. O mesmo já não pode ser dito de "Animals", "The Wall" e "The Final Cut", todos trabalhos, muito bons (inclusive o terceiro, apesar de sua péssima fama), mas que são praticamente álbuns solo de Waters.
Apesar das brigas, tanto Waters quanto Gilmour (Wright morreu em 2008) sabem que devem quase tudo que têm a "Dark Side" e não escondem isso. É interessante ver a participação dos dois (em entrevistas separadas logicamente) no recém-lançado documentário "Se Essas Paredes Pudesem Cantar", sobre os estúdios Abbey Road, onde o trabalho foi feito.
Waters usa o tempo para elogiar as contribuições de Gilmour e Wright e David também não deixa de citar o ex-colega. E quanto ao baterista Nicki Mason?
Como é comum nesses casos, cabe a ele o papel de ficar de intermediário entre os dois, ainda que ele seja mais próximo a Gilmour. Curiosamente ele assumiu o papel de lembrar o público que o Pink Floyd não começou em "Dark Side Of The Moon". Para isso ele montou uma banda chamada "A Saucerful Of Secrets", em homenagem ao segundo álbum da banda, que toca apenas músicas do Floyd, mas apenas as que foram feitas antes do disco mais emblemático que eles fizeram.
Ouça:
Como todo caso do tipo, é difícil saber exatamente o que o quarteto inglês fez aqui que conseguiu atrair tanta gente. As teses sempre variaram, inclusive as "menos nobres" do tipo "boa trilha para embalar momentos de chapação" ou "ótimo disco para testar o aparelho de som" (fato, o LP é muitíssimo bem produzido e cheio de feitos sonoros).
A verdade é que o trabalho de Roger Waters, David Gilmour, Richard Wright e Nick Mason, e aqui é importante citarmos os quatro integrantes, tem o poder de atingir o emocional das pessoas. Seus temas passam longe do banal e tocam nervos profundos. Versos como "Você é jovem, a vida é longa,/E há tempo para desperdiçar/Até que um dia você descobre/Que dez anos ficaram para trás", de "Time" são daqueles que sempre fazem pensar.
"Dark Side" é daqueles discos que oferecem um cardápio variado: ele vai do pop ao experimental e do direto ao épico. Apesar de serem identificados com o rock progressivo, gênero onde muitas vezes a técnica de seus membros causava admiração, mas também distanciamento, o Floyd nunca caiu na armadilha do exibicionismo puro e simples.
Os próprios solos de Gilmour comprovam isso. Ainda que exibam um músico com pleno domínio de seu instrumento, eles são acima de tudo, líricos e não desculpas para demonstrar destreza - para não falar na beleza de seu timbre, daqueles facilmente identificáveis.
Como já dissemos este foi um trabalho coletivo, ainda que Waters tenha apontado a direção do barco, ao escrever todas as letras e amarar o conceito geral - algo como uma espécie de tratado sobre a paranoia. Mas é impossivel imaginar o LP sem a voz de Gilmour e as intervenções de Wright,
Dois dos momentos mais impressionantes do disco do disco têm os dedos do tecladista: "The Great Gig in the Sky" (com o vocal de Clare Torry que, anos depois, conseguiu na justiça um crédito de coautora) e "Us And Them"
Foi também nesse momento que o grupo se encontrou musicalmente de vez. O Pink Floyd começou como uma banda de rock psicodélico, possivelmente a melhor de todas, ao menos entre as inglesas, mas logo sofreu um baque quando o líder Syd Barrett, literalmente, pirou para nunca mais voltar
Ainda que ele só tenha morrido em 2006, seu "fantasma" paira sobre "Dark Side...", afinal quem mais seria o "lunático na grama" de "Brain Damage" ("Dano Cerebral") além dele?.
Waters, Wright e Mason chamaram Gilmour, que era amigo de Syd, para o posto de guitarrista e eventual cantor. Entre 1968 e 1972 o Floyd faz uma série de experimentos em forma de disco em busca de uma identidade definitiva. "Meddle", de 1971, mostrou que eles estavam quase lá, o que se confirmou em "DSOTM".
O oitavo LP elevou-os ao nível de superestrelas e nada mais foi como antes. O álbum seguinte, o igualmente impactante "Wish You Were Here" (1975), ainda pode ser visto como um LP minimamente democrático. O mesmo já não pode ser dito de "Animals", "The Wall" e "The Final Cut", todos trabalhos, muito bons (inclusive o terceiro, apesar de sua péssima fama), mas que são praticamente álbuns solo de Waters.
Apesar das brigas, tanto Waters quanto Gilmour (Wright morreu em 2008) sabem que devem quase tudo que têm a "Dark Side" e não escondem isso. É interessante ver a participação dos dois (em entrevistas separadas logicamente) no recém-lançado documentário "Se Essas Paredes Pudesem Cantar", sobre os estúdios Abbey Road, onde o trabalho foi feito.
Waters usa o tempo para elogiar as contribuições de Gilmour e Wright e David também não deixa de citar o ex-colega. E quanto ao baterista Nicki Mason?
Como é comum nesses casos, cabe a ele o papel de ficar de intermediário entre os dois, ainda que ele seja mais próximo a Gilmour. Curiosamente ele assumiu o papel de lembrar o público que o Pink Floyd não começou em "Dark Side Of The Moon". Para isso ele montou uma banda chamada "A Saucerful Of Secrets", em homenagem ao segundo álbum da banda, que toca apenas músicas do Floyd, mas apenas as que foram feitas antes do disco mais emblemático que eles fizeram.
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