Aos 42 anos e mais de duas décadas depois de seu primeiro álbum, LP vive uma ótima fase na carreira. Prestes a lançar mais um disco, "Love Lines" chega em setembro, Laura Pergolizzi também está em alta no Brasil. "Lost on You", seu maior sucesso e faixa-título do disco que lançou no finzinho de 2016, segue com altos números de execução no Spotify - mais de 600 milhões - e até está sendo mais conhecida por aqui, e por um público bem amplo, depois que ela entrou na trilha sonora de "Terra e Paixão".
LP se define como uma pessoa de gênero neutro, dizendo aceitar o uso do pronome "ela", mesmo sem adorá-lo, e que respeita igualmente quem use o "they" (como se vê na biografia de seu site oficial).
Pergolizzi esteve no Brasil duas vezes recentemente. Ano passado no Lollapalooza, quando, por pouco, não teve seu show cancelado por causa da chuva, e em fevereiro passado para show em São Paulo.
Há poucos dias, o Vagalume teve a chance de bater um papo com a(s) artista, que falou sobre o próximo álbum, o sucesso de "Lost on You", e o disco que mais gosta de ouvir. Confira:
Ainda não tivemos a oportunidade de ouvir o novo álbum, só os dois singles. É interessante ver que que eles são não só bem diferentes um do outro, mas até de seu trabalho anterior. Podemos esperar um álbum com ainda mais surpresas?
Bem, espero que essas músicas sejam um indicativo do álbum no sentido de que elas são diferentes entre si. Eu não entrei nessa carreira para ficar me repetindo. Ao mesmo tempo, não estou tentando 'não soar como eu'. Acho que ambas as músicas, para mim, são essencialmente a minha pessoa. Você sabe o que quero dizer? Inconfundivelmente sou eu ali, algo que acho legal e pelo que me esforço. Ao mesmo tempo, elas não são iguais. Eu acho que é assim que esse álbum vai ser. Há muitos climas diferentes acontecendo neste disco e estou muito feliz com isso. Acho que busquei me afastar daquele tipo de álbum em que tudo está na sua cara, e consegui fazer isso.
"One Like You" tem um clima que remete aos anos 60, com aquela produção típica do Phil Spector...
Foi uma loucura. Essa música foi escrita na noite em que Ronnie Spector (vocalista das Ronettes, girl group que Phil Spector produziu) morreu.
Caramba!
Eu sinto que aquela foi uma noite muito estranha. Sobre a música, eu não sei. Sinto que, de certo modo, ela teve uma inspiração sobrenatural.
Você também escreve para outros artistas, tendo composto para astros como Rihanna ou os Backstreet Boys. Existe uma abordagem diferente quando você compõe para um disco ou para alguém cantar?
Sinceramente, acho que não muda não. Eu já tratei de maneira diferente. Assim como, 'oh, estou escrevendo para tal artista então deveria ler sobre ele'. Eu devo ter feito assim uma ou duas vezes. No fim, eu disse: 'quer saber? A partir de agora vou escrever de uma maneira universal', e é assim que venho fazendo desde então.
Nem todo compositor tem esse talento para escrever para os outros. O Green Gartside, do Scritti Politti, disse que tentou entrar nesse ramo e não conseguiu.
Sinto que posso escrever de uma maneira menos pessoal para outras pessoas, ainda que com a mesma carga emocional. Não sei. Eu escrevi músicas especificamente para filmes. Eu gosto de ter uma coisa em que não seja necessário um envolvimento tão profundo. É legal. É um exercício. Eu tive que fazer isso para viver, sabe? Escrever para outras pessoas por um tempo. E foi algo que só fortaleceu a minha habilidade para compor. Fez com eu ficasse, tipo: 'Ei, escreva uma música, escreva uma música folk agora mesmo!' (risos)
Falando em músicas, temos que falar sobre "Lost on You". Você tem alguma ideia do porquê de essa música se tornar tão poderosa? Consegue dizer por que as pessoas amam tanto essa canção?
Não sei. Aprendi a não questionar isso. Apenas deixe rolar e colha os benefícios (risos). Não sei. Acho que tem muita emoção ali. Essa música tem muitas emoções diferentes. Não estou comparando com uma música do Frank Sinatra, mas diria que ela tem semelhanças (com as coisas que ele cantava).
Sabe, você a escuta e já consegue se imaginar em uma mesa com os drinques passando e, de repente, tudo fica triste, todas aquelas emoções de quando se perde alguém. Quando você começa a falar, 'Vá se f***, estou indo embora, eu não preciso de você', e logo depois, já está no 'Volte! Eu preciso de você!' (risos) e, em seguida, a coisa já está no 'Nós podemos fazer o que quisermos. Vamos nessa!' Então, acho que ela tem algo para todo mundo.
Você deve saber que a música está na trilha de uma novela aqui. O impacto pode não ser tão grande quanto nos anos 70 ou 80, mas, ainda assim, elas têm um grande poder na difusão de músicas. Muita gente no Brasil, de várias faixas etárias e classes sociais, agora conhecem "Lost On You".
Eu adoro quando isso acontece, e é algo que rola nos dois sentidos. Tanto o 'minha mãe me apresentou à sua música', quanto o 'conheci por causa da minha filha', 'minha avó', 'minha sobrinha!' (risos) Eu gosto de saber que as minhas canções viajam por aí e atingem várias faixas etárias.
E claro, você veio aqui no Brasil finalmente para o Lollapalooza de 2022 e retornou no começo deste ano para um show solo em São Paulo. Curtiu a conexão com os fãs brasileiros?
Sim, foi muito legal. Quer dizer, antes da minha apresentação caiu uma tempestade e o festival foi interrompido. Ele retornou justamente na hora do meu show. Engraçado que na primeira vez que toquei em um Lollapalooza foi em Chicago, em 2012. E foi no ano em que houve uma tempestade gigante e tudo foi evacuado. Eu fiz um dos primeiros shows depois que o festival recomeçou. Dez anos depois estamos no Lollapalooza do Brasil, a mesma coisa acontece e fomos a primeira banda a tocar quando os shows foram liberados.
Então quer dizer que você traz a chuva onde quer que vá?
(fazendo pose de vitoriosa) É isso aí (risos)
Para terminar, gostaríamos de saber qual é aquele disco que você não consegue viver sem.
Oh Deus. Sim. Não posso viver sem o "Let It Bleed", dos Rolling Stones.
Boa!
Sim. Eu preciso do Led Zeppelin e preciso dos Stones. Caso contrário, eu morro (risos).
Diga agora uma música que quando começa a tocar você para o que está fazendo para prestar atenção.
Eu vou falar "Bohemian Rhapsody" (do Queen). Não vou dizer que preciso parar tudo o que estou fazendo, mas eu sempre começo a cantar junto quando ela toca.
Finalmente, um show que mudou a sua vida:
Eu não acho que tenha visto um show que mudou a minha vida.. Ah não, não, não... teve a Chaka Khan. Eu tive a chance de vê-la em uma pequena casa de shows em Nova Iorque e foi incrível.
Antes do fim da conversa, LP revelou que espera voltar no ano que vem para o Brasil. Estamos esperando.
LP se define como uma pessoa de gênero neutro, dizendo aceitar o uso do pronome "ela", mesmo sem adorá-lo, e que respeita igualmente quem use o "they" (como se vê na biografia de seu site oficial).
Pergolizzi esteve no Brasil duas vezes recentemente. Ano passado no Lollapalooza, quando, por pouco, não teve seu show cancelado por causa da chuva, e em fevereiro passado para show em São Paulo.
Há poucos dias, o Vagalume teve a chance de bater um papo com a(s) artista, que falou sobre o próximo álbum, o sucesso de "Lost on You", e o disco que mais gosta de ouvir. Confira:
Ainda não tivemos a oportunidade de ouvir o novo álbum, só os dois singles. É interessante ver que que eles são não só bem diferentes um do outro, mas até de seu trabalho anterior. Podemos esperar um álbum com ainda mais surpresas?
Bem, espero que essas músicas sejam um indicativo do álbum no sentido de que elas são diferentes entre si. Eu não entrei nessa carreira para ficar me repetindo. Ao mesmo tempo, não estou tentando 'não soar como eu'. Acho que ambas as músicas, para mim, são essencialmente a minha pessoa. Você sabe o que quero dizer? Inconfundivelmente sou eu ali, algo que acho legal e pelo que me esforço. Ao mesmo tempo, elas não são iguais. Eu acho que é assim que esse álbum vai ser. Há muitos climas diferentes acontecendo neste disco e estou muito feliz com isso. Acho que busquei me afastar daquele tipo de álbum em que tudo está na sua cara, e consegui fazer isso.
"One Like You" tem um clima que remete aos anos 60, com aquela produção típica do Phil Spector...
Foi uma loucura. Essa música foi escrita na noite em que Ronnie Spector (vocalista das Ronettes, girl group que Phil Spector produziu) morreu.
Caramba!
Eu sinto que aquela foi uma noite muito estranha. Sobre a música, eu não sei. Sinto que, de certo modo, ela teve uma inspiração sobrenatural.
Você também escreve para outros artistas, tendo composto para astros como Rihanna ou os Backstreet Boys. Existe uma abordagem diferente quando você compõe para um disco ou para alguém cantar?
Sinceramente, acho que não muda não. Eu já tratei de maneira diferente. Assim como, 'oh, estou escrevendo para tal artista então deveria ler sobre ele'. Eu devo ter feito assim uma ou duas vezes. No fim, eu disse: 'quer saber? A partir de agora vou escrever de uma maneira universal', e é assim que venho fazendo desde então.
Nem todo compositor tem esse talento para escrever para os outros. O Green Gartside, do Scritti Politti, disse que tentou entrar nesse ramo e não conseguiu.
Sinto que posso escrever de uma maneira menos pessoal para outras pessoas, ainda que com a mesma carga emocional. Não sei. Eu escrevi músicas especificamente para filmes. Eu gosto de ter uma coisa em que não seja necessário um envolvimento tão profundo. É legal. É um exercício. Eu tive que fazer isso para viver, sabe? Escrever para outras pessoas por um tempo. E foi algo que só fortaleceu a minha habilidade para compor. Fez com eu ficasse, tipo: 'Ei, escreva uma música, escreva uma música folk agora mesmo!' (risos)
Falando em músicas, temos que falar sobre "Lost on You". Você tem alguma ideia do porquê de essa música se tornar tão poderosa? Consegue dizer por que as pessoas amam tanto essa canção?
Não sei. Aprendi a não questionar isso. Apenas deixe rolar e colha os benefícios (risos). Não sei. Acho que tem muita emoção ali. Essa música tem muitas emoções diferentes. Não estou comparando com uma música do Frank Sinatra, mas diria que ela tem semelhanças (com as coisas que ele cantava).
Sabe, você a escuta e já consegue se imaginar em uma mesa com os drinques passando e, de repente, tudo fica triste, todas aquelas emoções de quando se perde alguém. Quando você começa a falar, 'Vá se f***, estou indo embora, eu não preciso de você', e logo depois, já está no 'Volte! Eu preciso de você!' (risos) e, em seguida, a coisa já está no 'Nós podemos fazer o que quisermos. Vamos nessa!' Então, acho que ela tem algo para todo mundo.
Você deve saber que a música está na trilha de uma novela aqui. O impacto pode não ser tão grande quanto nos anos 70 ou 80, mas, ainda assim, elas têm um grande poder na difusão de músicas. Muita gente no Brasil, de várias faixas etárias e classes sociais, agora conhecem "Lost On You".
Eu adoro quando isso acontece, e é algo que rola nos dois sentidos. Tanto o 'minha mãe me apresentou à sua música', quanto o 'conheci por causa da minha filha', 'minha avó', 'minha sobrinha!' (risos) Eu gosto de saber que as minhas canções viajam por aí e atingem várias faixas etárias.
E claro, você veio aqui no Brasil finalmente para o Lollapalooza de 2022 e retornou no começo deste ano para um show solo em São Paulo. Curtiu a conexão com os fãs brasileiros?
Sim, foi muito legal. Quer dizer, antes da minha apresentação caiu uma tempestade e o festival foi interrompido. Ele retornou justamente na hora do meu show. Engraçado que na primeira vez que toquei em um Lollapalooza foi em Chicago, em 2012. E foi no ano em que houve uma tempestade gigante e tudo foi evacuado. Eu fiz um dos primeiros shows depois que o festival recomeçou. Dez anos depois estamos no Lollapalooza do Brasil, a mesma coisa acontece e fomos a primeira banda a tocar quando os shows foram liberados.
Então quer dizer que você traz a chuva onde quer que vá?
(fazendo pose de vitoriosa) É isso aí (risos)
Para terminar, gostaríamos de saber qual é aquele disco que você não consegue viver sem.
Oh Deus. Sim. Não posso viver sem o "Let It Bleed", dos Rolling Stones.
Boa!
Sim. Eu preciso do Led Zeppelin e preciso dos Stones. Caso contrário, eu morro (risos).
Diga agora uma música que quando começa a tocar você para o que está fazendo para prestar atenção.
Eu vou falar "Bohemian Rhapsody" (do Queen). Não vou dizer que preciso parar tudo o que estou fazendo, mas eu sempre começo a cantar junto quando ela toca.
Finalmente, um show que mudou a sua vida:
Eu não acho que tenha visto um show que mudou a minha vida.. Ah não, não, não... teve a Chaka Khan. Eu tive a chance de vê-la em uma pequena casa de shows em Nova Iorque e foi incrível.
Antes do fim da conversa, LP revelou que espera voltar no ano que vem para o Brasil. Estamos esperando.