Não sou a praia

Mas aqui estamos

Às vezes não escolhemos

Onde terminamos

Se há galhos

Todos os dias são

Domingo de ramos

Nos vemos, caminhamos

De viacruzis por evg

Mas já não rezamos

Compro tabaco

E eles rum

Bebemos e fumamos

E se passa um policial

Visajoso, gritamos para ele

Que música colocamos?

Não importa, cantamos

Ei, nospi, vamos embora

Se algo amanhã falamos

O que mais pode contar

Alguém que não vive nada?

Sinto como o tempo

Me atinge mesmo que eu o evite

Pausa para café e cigarro

Espere que eu me ative

Ânimos pelos céus

Por minha saúde em declínio

É uma boa troca

De tanto mandar um foda-se

Já me doem as falanges

O mundo é diferente ou

Não sou mais o mesmo de antes

Em qualquer caso

Comecei a me acostumar

E maldição

É difícil, mas tenho resistência

Crianças adaptadas a viver

Dor constante se tornam

Desadaptados com

Um estilo elegante

Criados pelo velho

Do novo

Algo que nem todos compartilham

Servir uma amostra para

Cozinhar em partes

É um deleite para todos

Os comensais

E haverá quem me dirá

Que o negro se

Passou de tempero

Sabor de sempre

Para poucos paladares

Às vezes peço desculpas

E nem sinto

Falo muito rápido

A conversa flui devagar

E eu contente

Me distraio de tudo

Se para o rap eu fico atento

Para a dor da psique

A música é um bom ungüento e

Mantenho minha merda limpa mesmo que

Soe bem sujo

Não me importam as fotos

Me importa ser um bom músico

Coisa do passado andar

Acreditando ser o único

Uma cidade de astutos

Onde abundam os estúpidos

Meus olhos são translúcidos

Porque você pode ver que eles brilham

Mas não o que há por dentro

Fecho as janelas que

Senão não me concentro

Me abrem a porta e entro

Me fecho em minha cabeça

Para ver o que encontro

Não sou a praia

Mas o pôr do sol é incrível

E não duvido quando

Posso visitá-la

Nesta vida há coisas

Mais bonitas do que sua conversa

Barata, negro já

Estou cansado de ouvi-la

Não há mal que por bem não venha

Por isso ando dando

Minha sorte a quem não tem

Ninguém grita mais alto do que eu

Quando começam as arengas

Quem não canta é policial

Minha garganta explode

Não há mal que por bem não venha

Por isso ando dando

Minha sorte a quem não tem

Ninguém grita mais alto do que eu

Quando começam as arengas

Quem não canta é policial

Minha garganta explode

Volto para o rancho

E tiro uma soneca

Me deito e me

Lembro que dormir

Me custa, embora

Graças à insônia

Escrevo coisas como estas

Com sono e com a

Cara longa no meio

Da festa

Falo com meus demônios

Mas nenhum responde

Tenho que aproveitar

Que só saem quando

A Lua está posta

Para poder descansar

Depois chegam

Bêbados com vontade

De rimar

E gritar

E não há mais negro

Tenho que seguir o jogo deles

Eu mancho de negro cada

Parede que eu bato

Ninguém nota, estou

Rodeado de cegos

Deixem-me viajar em meu ego

Saia de Medellín que

Quero ficar sozinho (jah)

Te noto apressado

Hold on, come on

Sou a Moby-Dick

Que não foi morta por um arpão

Quis viajar ao mais alto

Mas o avião explodiu

De qualquer forma aqui embaixo

É um alto barato

A eterna ranchería

Dançando com meus comanches

Eu vou primeiro para

Não deixar que me despachem