Eu dei meu primeiro berro num fundão de campo aberto desmamado em tempo certo me criei em pelo fino arisco, meio chatinho de um rincão indo pra o outro comendo cupim de touro e sovando lombo de potro.
E foi lá nos pagos de Soledade,tchê! (FALADO)
Sou cria da natureza primo da água e do vento eu fui parado ao relento que nem broto de pau-ferro na madrugada dou um berro que lá no capão ressoa acordando a sapaiada nas barrancas da lagoa.
E é de levantar serração! (FALADO)
Moro no Garrão do Cedro onde berra o boi-tatá meu vizinho é um tamanduá e afurna no pé de aroeira nas noites de sexta feira de longe ouve a gasnada um lobisomen aparece e vem pelear com a cachorrada.
E eu fico só apreciando a peleia! (FALADO)
Quando me vou pra um surungo com a água a meia costela volteio igual cascavel bato os dentes igual capincho esgancho as ventas num guincho vou farejando namoro aonde eu danço na espora fica igual cova de touro.
E eu já gastei muito salto de bota por este mundão afora! (FALADO)
Vim no mundo por acaso e por acaso me vou e o meu pai me ensinou que eu não perdesse o meu tempo não vou dar tempo ao tempo que o meu tempo passará passando sei que não chego aonde eu quero chegar.
Mas esta vida velha é pra lá de boa, tchê! (FALADO)
Compositor: Joao Fortunato Nunes Reis (Tio Nanato) ECAD: Obra #6126902 Fonograma #12855