Esse meu corpo que vocês veem perambulando É minha sombra que hoje vale menos que nada Vivo por fora, morto por dentro, sou um retalho Que após usado jogaram fora junto a uma estrada
Aquela ingrata usou meu corpo o quanto pôde O meu dinheiro, minha saúde e a mocidade Quando o cansaço gelou a vida abandonou-me Sem perguntar se eu viveria só de saudade
Morto por dentro, vivo por fora Uma fumaça que eu sou agora Pois quem me vê, hoje ignora Um homem forte que eu fui outrora
Trabalhei tanto para o sustento desse teu luxo Fui me cansando e ela jovem sempre mais bela Não pude mais acompanhá-la em seus passeios E fiquei sendo um grande estorvo na vida dela
Não me apedrejem se me encontrarem pelas sarjetas Nem me ofereçam uma cachaça num bar imundo Por causa dela que destruiu tudo que eu tinha Eu sou agora o grão de areia menor do mundo
Morto por dentro, vivo por fora Uma fumaça que eu sou agora Pois quem me vê, hoje ignora Um homem forte que eu fui outrora
Compositores: Elcio Neves Borges (Barrerito), Jose Plinio Trasferetti (Paraiso) ECAD: Obra #4832071 Fonograma #257628