Seu Filho Diferente
Foi bonito concebê-lo.
Vocês dois o queriam, mais do que qualquer riqueza.
E foi um mar de felicidade, a notícia da gravidez,
Até aquele dia da outra notícia.
Santo Deus! Como doeu lá dentro.
Sim, vocês seriam pais,
Mas, pais de uma criança diferente:
Síndrome de Down.
Não fosse a paz do médico, da enfermeira, dos pais.
Se não fosse a palavra serena do padre, dos amigos.
Não fosse aquele casal que também passou por isso.
Não fosse o pai e a mãe que vocês
Já eram,
Tudo seria dor e tragédia.
Não foi!
Ele nasceu, e aquele rostinho diferente,
Aqueles olhinhos diferentes,
Aquele serzinho humano e feliz
Iluminou vocês a cada gesto que fazia.
Ensinou-lhes o sentido da esperança
E a definição mais clara de pessoa.
Às vezes ainda dói, em algumas perguntas estranhas
Ou gestos imaturos, como aquele casal insensível
Que olha e fala bobagem;
Aquela criança ou aquela mocinha
Que não sabem como acolher o mistério.
Mas vocês sabem que seu filho é diferente,
Apenas diferente,
Anormal, nunca! Não mesmo.
Ele chora, responde e ri, abraça e beija e ama,
E ri e chora e reage.
Compreende e apreende.
Se é mais devagar que os outros, que importância tem?
O que conta, ele tem: uma carga de amor enorme.
Afinal, o que é um ser humano?
Seja qual for a definição, ele preenche todos os requisitos.
E, pelo que vocês já viram, em certos aspectos,
Vai além do normal.
É capaz de muito mais amor
Do que muita gente de físico
E cérebro perfeito.
Aqueles olhos amendoados,
Aquele rosto redondo,
Aquele jeito de andar
Não mudam o fato de que seu filho
É pessoa inteira.
Inteira e linda!
Sem exagero, nem favor algum,
É feliz e os faz felizes.
Depois dele, todos,
Todos os familiares, sem exceção,
Ficaram mais humanos e mais meigos.
Ele fez isso.
Por isso, vocês hoje assumem qualquer cansaço.
Por ele, tudo vale a pena.
Seu filho é um ser iluminado.
Vocês, que vivem com ele,
Sabem muito mais a respeito de luz.
Doeu e ainda dói, mas, louvado seja Deus!
Afinal, diante do seu infinito mistério,
Somos todos portadores da mesma síndrome.
Somos todos diferentes,
Com a diferença que, às vezes, amamos
Infinitamente menos do que esses
Olhos amendoados e profundos.
Se faz sentido? Eles acham que faz.
Eu nunca vi um deles que não fosse feliz.
E os seus pais costumam ser lindos,
Pacientes e sábios.
Vocês, por exemplo, agora, só falta-lhes uma coisa:
Abrir a boca e falar.
O mundo precisa ouvir vocês
Sobre o que é humanidade,
Porque disso vocês entendem.
Aqueles olhos amendoados
São o seu diploma.
Postagem: Luiz LEANDRO
Compositor: Jose Fernandes de Oliveira (Pe. Zezinho Scj) (ABRAMUS)Editor: Instituto Alberione (ABRAMUS)Publicado em 1999 (26/Jun)ECAD verificado obra #697541 e fonograma #31304 em 07/Abr/2024 com dados da UBEM