Esse palanque cravado Ali na frente da estância Tenho visto desde a infância Levar trompada e tirão Sem afrouxar o garrão Embora todo lanhado De mordida de aporreado E casco de redomão
Palanque cravado fundo Ao lado do para peito Tu foste sempre o respeito Da potrada sobre tudo Poste velho cabeçudo Tradicional da campanha Tira cisma e tira manha De ventena e topetudo
Quanta saudade palanque Ao contemplar-te me dá Meus lindos tempos de piá Pelas veredas desponta Eras o touro da ponta Do meu primeiro rodeio Que eu laçava pelo meio Nas lides de faz de conta
Palanque de amansar potros Puro cerne de pau ferro Ainda me lembro do berro Daquele zaino aporreado Que como um louco abraçado Te mordeu o dia inteiro E do redomão oveiro Que morreu descogoteado
Meu gateado mala-cara E o burro troncho orelhano E aquele petiço ruano Que quis se bolear comigo E que ao ficar de castigo Por causa da picardia Passou quase que todo o dia Roncando num pé de amigo
E o negro velho Porfilho Que era na estância um guasqueiro E que fincava o bacheiro No redomão pelas ventas Enquanto gritava senta Pra ver se encontras descanço Pois corda que eu sovo, eu tranço Tu morre e não arrebenta
Contigo palanque velho Nas lides de domador Não precisa orelhador Nem tão pouco de maneia Só com três voltas e meia Do meu cabresto bem grosso Deixo ringindo o pescoço Que o urco nem se mosqueia
Eu tenho a impressão palanque Ao verte assim entonado Que esta enraizado Sem que a velhice te arranque E mesmo que D'us mande Um outro dilúvio até Tu as de ficar de pé Pra palanquear o Rio Grande
Compositor: Dilceu Vilmar Senne dos Santos (Dilceu Santos) ECAD: Obra #10045338 Fonograma #5931261