Paulo de Iguatu
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Vaqueiro Pequenino

Paulo de Iguatu


Um fazendeiro em goiás mandou embora o vaqueiro
Só com a roupa do corpo nem um centavo em dinheiro
E alegando uma conta que o coitado não devia
Ficou com o seu menino que nem campear sabia

Disse o vaqueiro chorando deixe o meu menino ir
Ele é muito pequenino em nada vai lhe servir
Mas o fazendeiro disse ele vai cuidar do gado
E apanhar muito se não der conta do recado

Teve que ir o vaqueiro vendo o filho soluçando
E o fazendeiro dizendo vá logo se preparando
Bote a sela no cavalo e suma no matagal
Eu não permito que falte uma vaca no curral

Aí passou o menino a viver escravizado
Dormindo no chão apenas por uma esteira forrado
a comida era da mesma que o cachorro comia
Tão ruim que muitas vezes nem o cachorro queria

Com medo de andar no mato ia campear chorando
Sem camisa sem chinelos no sol quente se queimando
Sempre a mercê de uma vaca dessas que odeia menino
Dava dó o sofrimento do vaqueiro pequenino

Uma tarde na fazenda o menino esmoreceu
Caiu no meio das vacas de repente escureceu
Um vulto desceu do céu onde o menino caiu
Tudo clareou de novo mas o menino sumiu

Os cavalos da fazenda começaram relinchar
O gado agitou-se e quase não para mais de berrar
O fazendeiro correu pelo menino gritando
Em seguida se deu conta que não tava mais falando

Até hoje não se sabe o que mais aconteceu
Apenas que o fazendeiro se deprimiu e morreu
A fazenda foi vendida a um empresário granfino
Que construiu uma igreja pra o vaqueiro pequenino

Comentam que nas fazendas já tem sumido animais
Mas são trazidos de volta sem ninguém saber quem traz
Acham que é o menino a maior das oferendas
Que foi eleito por deus pra proteger as fazendas

Compositor: Francisco Costa do Nascimento (Paulo Nascimento)
ECAD: Obra #3101220

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