Eu sou a água dos rios das beiras da terra A dar de beber as sedentas sementes Eu sou a nascente, o cerrado e a serra
Eu sou o grito de dor da madeira ferida A relva, a selva, a seiva da vida Peão boiadeiro que o laço não erra
Eu sou o doce das frutas, a erva que amarga O quarto de milha e o mangalarga As águas revoltas são os prantos meus
Quem envenena meus mares, me queima e desmata Me sangra sem pena, aos poucos me mata Não vê que eu sou o espelho de Deus
Eu sou a natureza, indefesa, não me trate assim Eu sou a águia, a baleia e o angelim Somos irmãos da terra, pedra, bicho, planta, gente, enfim Pra que essa vida viva cuida bem de mim
Eu sou o sol das manhãs sobre minhas campinas O frio das neves, as claras colinas Os pássaros livres, a sombra que resta
Eu sou o bicho do mato, a flor pantaneira Eu sou a savana, a serpente, a palmeira O cheiro do verde que vem da floresta
Sou cavaleiro do mundo, eu sou a boiada Eu sou o estradeiro e o pó da estrada Sou crença nos olhos dos homens ateus
Quem me devasta, me fere, me caça, me extingue Me arranca as raízes não deixa que eu vive Não pode se ver no espelho de Deus
Eu sou a natureza, indefesa, não me trate assim Eu sou a águia, a baleia e o angelim Somos irmãos da terra, pedra, bicho, planta, gente, enfim Pra que essa vida viva cuida bem de mim
Compositores: Paulo Roberto dos Santos Rezende (Paulinho Rezende), Paulo de Sousa (Paulo Debetio) ECAD: Obra #21447 Fonograma #1422375