Venho de longe, estou cansado, meu irmão Trago nos ombros a poeira do estradão Já fui tropeiro, fui carreiro, fui peão Prova de laço, confesso, fui campeão
Se estou descalço, rasgado, de pé no chão Não ligue não, este é o meu jeitão Trago nas mãos os calos secos do cambão É o que me resta desta grata profissão
Cabelos brancos, barba toda amarelada Rosto queimado do sol quente da estrada Esta guaiaca que você vê pendurada Foi companheira das minhas grandes jornadas
Esta baldrana quase toda desbotada Com as iniciais de quem foi a minha amada Este pelego com a lã toda amassada Foi meu colchão nos velhos pousos de boiada
Fui capataz, braço forte do patrão Quantos transportes de boiada pelo chão Da peonada só resta a recordação Uns já morreram, e os outros aonde estão?
Foi o progresso e o desprezo do patrão Fomos trocados por asfalto e caminhão Quanta saudade trago no meu coração O meu berrante ecoando no estradão O meu berrante ecoando no estradão O meu berrante ecoando no estradão O meu berrante ecoando no estradão
Compositores: Jose Gomes, Jose Bitencourt (Peao Brasil) ECAD: Obra #2083099 Fonograma #678021