Um homem contou-me Que da montanha Se toca o céu, Que se encontrou ao subi-la Mas ao descê-la Se perdeu. Viu rastos de cobra E pegadas de leão: “Esta vida não sobra Quando se olha só para o chão!”
E tentou fugir do trilho, Beijou o tempo como a um filho, Acordou numa alvorada, Já sem nada pr’a esconder E então falou assim:
“Se houver Um Anjo da Guarda Que me abrace E se guarde dentro de mim, É tão só estar só no fim”.
Outro homem contou-me Que da cidade Se vê o mundo, Que é tão doce o desejo, Que nenhum beijo É profundo. Viu escadas de ouro E telhados de rubi, Pensou que o maior tesouro É cada qual saber de si.
E tentou fugir da sombra, Dizer à luz que não se esconda, Correu as ruas, uma a uma, Já sem nada pr’a perder E então gritou assim:
“Se houver Um Anjo da Guarda, Que me abrace E se guarde dentro de mim, É tão só estar só no fim”.
“Se houver Um Anjo da Guarda, Que me abrace E se guarde dentro de mim, Porque é tão só estar só no fim.
“Se houver Um Anjo da Guarda, Que me abrace E se guarde dentro de mim, É tão só estar só no fim”. Porque é tão só estar só no fim.
Compositor: Pedro Machado Abrunhosa (Abrunhosa Pedro) ECAD: Obra #4749200