Quero uma rima simplesinha pra cantar Falando em coisas que deixei lá no sertão Quero um regato mansamente a rolar Ver borboletas adejantes num botão
De manhazinha quando vem rompendo o dia No pé da serra brinca alegre um tangará E de repente tudo, tudo silencia Para ouvir a melodia do maestro sabiá
Deixa seu moço eu sonhar Já que não posso voltar Deixa seu moço eu sonhar Já que não posso voltar
Quero uma casa humildezinha pra morar E um rego d'água pra matar a minha sede Quero uma sombra junto a um pé de manacá Aonde eu possa embalar a minha rede
E uma cabocla para ser somente minha No seu jardim eu quero ser um beija-flor À tarde eu quero uma viola afinadinha Uma toada e uma modinha pra cantar pro meu amor
Deixa seu moço eu sonhar Já que não posso voltar Deixa seu moço eu sonhar Já que não posso voltar
O sol desmaia lá nos braços do horizonte Pinta no peito uma pontinha de tristeza A lua nasce a sorrir atrás dos montes Eu me extasio a contemplar tanta beleza
Uma coruja pia triste lá distante E o curiango lhe responde com certeza Os pirilampos vão surgindo num instante São estrelas, são diamantes enfeitando a natureza
Deixa seu moço eu sonhar Já que não posso voltar Deixa seu moço eu sonhar Já que não posso voltar
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
Compositor: Ostecrino de Oliveira Lacerda (Ostecrino Lacerda) ECAD: Obra #185783 Fonograma #8753