Em um costumeiro domingo ele chegou, sozinho como sempre, em um restaurante. Sentou-se em uma mesa que ficava no fundo do restaurante que estava entregue as moscas. Não tinha aparência de quem gostava de lugares agitados. Pediu uma taça de Château d’Yquem e ficou observando as poucas pessoas que haviam entrado, escrevendo sem parar em seu bloco de notas.. Enquanto isso fumava seu Sampoerna X-tra, um cigarro negro com cheiro de cravo. O negro do cigarro estava em contraste com sua pele extremamente branca. Parecia alguém muito observador e rotineiro. Já que toda vez ia naquele restaurante, rastejava para a mesa do fundo, pedia seu Château enquanto degustava visualmente as pessoas do lugar. Sempre sozinho com seus pensamentos. Então chamou o garçom e lhe pediu Penne ao molho branco para acompanhar seu Château cor de sangue. A voracidade de sua solidão chegava a me incomodar. Por isso resolvi observá-lo. Eu estava comendo com minha família, mas a solidão dele parecia gritar meu nome. Ele acabara de saborear seu Penne vagarosamente. Parecia satisfeito. Pediu um Cappuccino. Ele olhou para mim varias vezes, acho que percebeu que eu estava o observando. Bebeu seu Cappuccino me encarando suavemente com os olhos. Depois pediu a conta e foi embora sozinho como havia entrado. Na sua saída olhou para mim e sorriu. Comenta-se que nunca ninguém havia o visto sorrir antes. Foi então que tive a brilhante idéia de segui-lo. Levantei da mesa, despedi-me de meus familiares e fui em busca do guerreiro da solidão. Pude vê-lo pegar um táxi e corri para dentro do meu Astra. Dirigi rapidamente até avistar o táxi dele. Dirigi até ficar do lado dele só para ter certeza se seguia o táxi certo. Ele olhou para o lado quando me viu voltou a sorrir. Foi um sorriso de surpresa. Ele parou em uma casa no Alto da Boa Vista saltou do táxi. Eu então parei o carro. Ele tirou o bloco de notas do bolso e rabiscou alguma coisa. Depois retirou a folha do bloco e foi andando em minha direção. Abri a janela, ele entregou-me o papel e disse: - Obrigado. Li o bilhete escrito em caneta branca em um papel preto que tinha os seguintes dizeres: “Rico mais pobre de coração” Ao ver que eu havia lido ele se virou e caminhou em direção a sua casa. Parou olhou para o meu carro prata e para mim. Virou e entrou em sua mansão. A casa era uma espécie castelo de tão grande. Onde uma singela placa estava pendurada na porta que chamou muito minha atenção, chegou até a me comover. Na placa estava escrito: “PRECISA-SE DE UM AMIGO”