Ela tem aquele brilho no fundo dos olhos

que te deixa cego ou apaixonado

ela tem gestos de perfume

que te deixam bobo ou feito cachorro

e tão distante do seu coração

a mim, com certeza, ela é alheia

ela tem aquele jeito de nada dizer

quando falamos acerca das lembranças

esse jeito de atravessar

quando ela vai ao açougue

quando ela passa por mim

a mim, com certeza, ela é alheia

e eu, eu me tornei num escravo

do seu sorriso, do seu semblante

e lhe disse para me levar

e eu, eu estou pronto para segui-la por todos os caminhos

para outros lugares, para outras praias

mas ela passa e não me responde

as palavras para ela não têm valor

a mim, com certeza, ela é alheia

ela tem aquelas longas mãos de rendeira

a evocar a alma de um vermeer

essa silhueta veneziana

quando ela se debruça através das persianas

esse gesto o sei de cor

a mim, com certeza, ela é alheia

e eu, eu me tornei num escravo

do seu sorriso, do seu semblante

e lhe disse para me levar

e eu, eu estou pronto para segui-la por todos os caminhos

para outros lugares, para outras praias

mas ela passa e não me responde

o amor para ela não tem valor

a mim, com certeza, ela é alheia

e eu, eu me tornei num escravo

do seu sorriso, do seu semblante

e lhe disse para me levar

e eu, eu estou pronto para segui-la por todos os caminhos

para outros lugares, para outras praias

mas ela passa e não me responde