Quebrada Queer
Yoh yoh
Ai, ai, ai, ai, ai
Yoh, não atura fecha a firma
Bonde das femininas
Que vêm de strike a pose
Direto das revistas
Mas é revista fina, não vem de Ti-ti-ti
Se não aprendeu com elas, isso é cultura Queer
Vêm aplaudir
Batendo palma, eu te vi resistir
Mas vi daqui, que enquanto você chora
eu canto pra subir
Se a minha pele é o que incomoda
eu te convido a vir vestir
Mais quente que o Saara
Eu queimo o céu e faço o mar abrir
Prepara os doces, que a festa não parou por aí
Alice Guél, e tô mandando um "Deus é travesti"
Segura o queixo que esse trecho é feito pra engolir
Mas se o efeito causou medo, é hora de fugir
Só mais um trago desse amargo que eu vivi
Com tantas notas, chora! Que hoje eu vou sorrir
De batom preto, pros velórios e enterro
Vê nas manchetes, pede
Pra eu não ter que repetir
Vida cinzenta seguida de um longo inverno
Muito bem preenchida, somente com amor materno
Entrando em paz
com todos os meus sentimentos internos
Desvio de alguns crentes
que dizem que eu vou pro inferno
É que com um leão por dia me fez um guerreiro
Não tô disposto a me calar pra agradar terceiros
Por existências que estavam trancadas em cativeiro
Herança disso tudo é paz, e eu sou herdeiro
Ahn
Subestimado desde o meu primeiro verso
Eles disfarçam bem, são tipo lobo em pele de cordeiro
Mas tô atento, pro opressor eu não disperso
Minha rima inseticida, preconceito deles é o formigueiro
Mc's de verdade
não desejam sociedades sem diversidade
Recupere o seu bom senso
Repense bem nos fundamentos sendo verdadeiro
Vai ter bicha no Rap sim!
E eu nem sou pioneiro
É que eu já disse, tô bem pleno
Sou problema
Tipo venom esses caras achar que é Rap
porque tão rimando
Vou ter que usar do meu veneno
pra falar do que eu tô vendo
Suas idéias é tipo Nemo
e eu tô procurando (cadê, cadê)
Nois tá aqui por cada bicha
com a vida interrompida por causa de homofobia
ódio e intolerância
Resistimos no dia-a-dia
Pra poder chegar o dia que prevaleça respeito
igualdade e esperança
Já tenho um caminho
Agora eu quero ver quem tá somando por mim (por mim)
Tô no meu destino
quem constrói os degraus sabe que não vai cair
Bem, não há rola nesse mundo
que nos proíba de ocupar
Não há mano nessa cena que tente nos silenciar
Cê trombou com as bicha errada
E agora vai ter que escutar
Esse é só o primeiro desabafo
que tá entrando pra história
E, com certeza, o meu pai não ia se orgulhar
E, mesmo assim, eu vou falar
Por mim e todos que hoje eu tô pra representar
E eles vão me julgar, sempre vão me julgar
Mas nas minhas crises
nenhum deles vai me abraçar, então
Sigo cantando e amado
trampando pesado, medindo um dia ser lendário
Não passo pano pra otário
E mesmo ameaçado, eu serei cada vez mais viado
Quebrando armários, extermínio à normatividade
Revolução! Bicha preta se amando de verdade
Botando fogo nas regras dessa sociedade
Vai falar mal, mas assistiram a nossa liberdade
Vamo assistir você ouvindo a nossa realidade
Tirando nossas capas de invisibilidade
As mona unida pro combate e olha no que deu
Se quer verso com massagem, pare de socar os meus
De onde eu venho, é fome e medo de ficar na mesma
Não caber na própria casa
Sai pro mundo e não cabe no mundo
Não cabe em verso cada tapa, momentos, fraqueza
Muitos anos de revolta desse jogo sujo
Não é guerra do sexo, homofobia chama
Atitude que brota de manos, minas e monas
Sem torcer o nariz, meu Rap que clama, soma
Rap de bicha preta
Boombeat enlouquece e toma
Anos passaram
Panos passaram pros seus vacilos
Momento propício, raro e claro
Não espere elogio
É hip hop responsa no mic
Rap e flow, letra é flop
Não pode com nois, engole e tamo vivo
Estamos no mapa e não somos a caça
De cara com a morte
Seus bando de white people problem
Cês não me comovem
Em choque porque somos ibope
E eu quero é que se foda
Mas se não me beija, não fode
Eu não!
Minha vida sou eu que canto
nossa vivência quem sabe é nois
Intérprete da minha história, honro a trajetória
Ninguém me dá voz, eu já tenho voz
Somos um só, vocês que dividiram
Por fatos, nunca um "não" te atingiram
Bando de fã encubado
Sigo honrando meu legado de nascer viado
Onde piso é solo fértil, sangue derramado
Me empoderei, vai fundo
Pro sistema eu não me rendo
Que impõe é isso e aquilo
Sabe o que eu faço? Aguento
Não vim só pra cantar, não vou me redimir
Vou jogar na sua cara, o que cê disse é mimimi
Segura o meu flow, aguenta o meu bonde
É sempre com som, nois nunca se esconde
Pantera negra eu sou
Não devo mas cobro, "honey"
No afrontamento eu vou
Bitch, better havy my money!
T-C-H-E-L-O
Então bota pra fuder
Cê quer meter gostoso, mas se enruste atrás do altar
Não vem meter o louco
Se não gostar, sai fora! A saída é logo ali
Se ficar, cai de boca e vai ter que me engolir
Na escola cês zoavam, hoje cês batem palmas
E eu que dou risada, quando paro pra pensar
O quanto me tiravam só por ser diferente
Mesmo sem entender o que viria pela frente
Mas nada me abala, por isso eu mexo a raba aí
Enquanto você desaba e observa o poder
Só vendo as bi, crescendo e estourando a mil
Ocupando esse Brasil
Ué, cadê você? Sumiu?
Amor não é doença, é cura
Não é só close, é luta
Então vê se me escuta
Aceita, atura ou surta!
Compositores: Harlley de Melo Ferreira, Guilherme Alves da Silva, Luara dos Santos Fidelis, Murillo Henrique da Silva, Marcelo Augusto Gomes da Silva (Tchelo Gomez)
ECAD: Obra #41516218