Diz pra mim o que que é ou se é inexplicável Arrepia a pele quando lembro dos shows nos palcos O som batendo e a rappa no refrão Toneladas de mais, toneladas tremendo o chão É sempre assim, assim sempre será Dos becos da favela, dos campinhos de terra
O ar que respiro ainda me trás recordações De milhares ou milhões, infinitas opiniões E a orquestra que não é de Berlim, Filarmônica Que não faz no jardim nascer flores pra cerimônia De posse presidencial, rito matrimônial Ou pra playboy na colação de grau Vejo as ruas, comparo aos guetto americanos Preconceito desumano, os preto, o crack, os manos A polícia e o ódio que se multiplica Na terra da esperança, num mundo que fabrica
Programados pra morrer, programador pra matar Programados pra viver, programados pra sonhar Então eu vou, com a fúria no semblante como sempre A áurea irradiante pro inimigo que treme Quando passo e zé povim olha e fraqueja Chega a soluçar quase se afogar na inveja - Eu aqui na merda e o maluco ai pagando Tira os olhos que o meu caminho é Deus que está guiando
A trilha sonora dos guetto hoje é do crime Segundo o sociólogo que refém do medo insiste Em me dizer que nóis é porta-voz de bandido Só vai entender quando tiver na mira do gatilho Ou no porão com os braços amarrados A cabeça no capuz tomando choque no arame farpado Vai lembrar do índice de desemprego Aí vai dar razão e atenção pro que escrevo
Só de lembrar dá ódio, neurose As patricinha na fila do show do Snoop Dogg Pagando mais de cem num ingresso pra curtir Justamente pra favela não ter chance de assitir Por aqui ainda tem enchentes e barracos Famílias desabrigadas, crianças morando nos pátios De escolas públicas, sonhando com a ajuda Do governo que não viabiliza a infra-estrutura
Tenho comigo um sentimento de revolta Mas o rap não faz mágica, não tira da cartola Todo dia um Malcolm X ou um Che Guevara Nem se quer um Dr Dre com uma conta milionária E tem quem sonha com VMB, VMA hip hop techno, grupo de rap gay Minha mente ainda não evoluiu a este estágio Sangue ignorante, descendência de escravo
Preparado pra missão do inicio até o fim Homenagem póstuma, em memória o Guacuri Salve Tico, chora céu, deixa cair lágrima Você deixou saudade mas fortaleceu a jornada Na rua ou onde for, por nós jamais esquecido O verdadeiro rap ainda continua vivo E mesmo na batalha na linha de frente da guerra Realidade Cruel é monstro na selva
A trilha sonora dos guetto hoje é do crime Segundo o sociólogo que refém do medo insiste Em me dizer que nóis é porta-voz de bandido Só vai entender quando tiver na mira do gatilho Ou no porão com os braços amarrados A cabeça no capuz tomando choque no arame farpado Vai lembrar do índice de desemprego Aí vai dar razão e atenção pro que escrevo
Não sou daqueles que se vende nessa porra. Pra grava com sertanejo e aparece na emissora Feito um trouxa coadjuvante marionete do sistema Dando pé pra ser cobrado e depois acaba na sarjeta Quantas vezes pensei em até para Grava só esse disco e depois se aposenta Mais não, se o baguio tá mo zona então é Isso que o inimigo quer, ver nóis caminhando de ré Bato de frente e sei que não tô só São mais de 500 mil preparados pro melhor ou pro pior Não importa tamo aí, vamo que vamo O exército de bombeta e calça larga, chamado de mano Canto o crime, represento a favela As cadeia, as periferias e quem faz parte dela tô nos bang, não sou quem faz apologia Não sou eu que de dentro do jato transporta Heroína ou cocaína pra refinaria abastecer os morro Que lança moleque no 12 pra entra no jogo Que faz sua mãe chorar na autopsia do IML Pra te ver protagonista em letra de rap
A trilha sonora dos guetto hoje é do crime Segundo o sociólogo que refém do medo insiste Em me dizer que nóis é porta-voz de bandido Só vai entender quando tiver na mira do gatilho Ou no porão com os braços amarrados A cabeça no capuz tomando choque no arame farpado Vai lembrar do índice de desemprego Aí vai dar razão e atenção pro que escrevo (2x)