Rincon Sapiência, conhecido também como Manicongo, certo? Eis aqui mais uma canção dedicada a toda classe trabalhadora. Tão cansativa como a rotina de trabalho é aquele longo trajeto de ir e vir. Vamo nessa!
Trabalhadora voltando pra casa Perguntando pra Deus "por que não tenho asas"? Pra voar pelos ares e voltar para o lar A real, ônibus cheio dói só de pensar Na bolsa um livro novo, não tem condição Leitura na multidão, frustração Nove horas no trabalho é bem mais suave Que as duas horas balançando na condução O dia inteiro dando duro, uma volta cansativa Ainda desce bem no ponto mais escuro A violência subindo de nível Do receio da solidão, a sensação da mulher é horrível Ela caminha, semblante preocupado Escuridão, o bar da rua se encontra fechado Quanto vale uma vida? Pensa no seu pivete Na bolsa tem a bíblia, também tem canivete Faça o bem que o bem vai te merecer Mas ela sabe que o pior pode acontecer Na madrugada pelo bairro impera o sono Holofote quebrado, matagal, abandono Se ela atrasa, seu dinheiro será descontado E a firma ao menos oferece um ônibus fretado E sua mente quente como brasa Só vai relaxar quando entrar dentro de casa
É hora de voltar pra casa Trabalhador só quer chegar bem Infelizmente não tem asas E precisa das ruas e das linhas do trem A condução está tão cara Conforto é o que não tem Mas o trabalhador encara Essa rotina sem nunca depender de ninguém
Da casa pro trampo, do trampo pra faculdade O corpo exausto apesar da pouca idade Sem novidade, a mesmice na rota Tentando ser um bom funcionário com boas notas Trabaiá, estudar, nem sempre se encaixa Nem mesmo no fim da aula o aluno relaxa Pensa na volta, no clima lá fora O metrô não funciona por 24 horas Logo vem na mente os lençóis E o busão vai parando nos pontos e nos faróis É feroz esse desafio Manhã, tarde ou noite, é raro um busão vazio Ele se adianta, violência espanta Sua família ansiosa, o espera pra janta A madruga é tensa, quando um estouro canta A mãe já pensa coisas, dá um nó na garganta Perigo em todos os lados Quanto mais dinheiro, vivem mais isolados A violência na cidade tem se espalhado Se isola mais ainda quem tem um carro blindado Andando com cuidado, os passos apertados Receio de sofrer um abuso de um homem fardado Chegando em casa ele se sente mais aliviado É recebido com o calor de um abraço apertado
Compositor: Danilo Albert Ambrosio (Rincon Sapiencia) ECAD: Obra #15024848 Fonograma #12246148