Rincon Sapiência
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Música preta

Rincon Sapiência


(É grito de liberdade!)

Usando a mão
fazendo um som
utilizando a palma
Sem manual, é natural
é criação da alma
Somente a matéria se dilui
portanto, o que é espírito
com o passar do tempo evolui

Vai dos tambor da África
ao Pancadão do Gueto
Pra ser mal visto como artista
até me submeto
Coisa de preto, ter talento e luz
sinceridade está em nossos olhos
dizem que os anjos têm olhos azuis

Causamos medo com nosso batuque
conheço a manipulação
isso é parte do truque
Nossa parte do troco
sem sair dos quilombos
Vamos invadir as terras
que nem Cristovão Colombo
Os europeus invadiram as Américas
no Sul do continente eu vivo
resiste a população periférica
Dos oprimidos, coletivos mais louco
a junção dos Preto Véio com os Chefe Caboclo

Brasa, brasa
fogo corre pelo pavio
As culturas se mistura
e corre pelo Brasil
Cada velho vinil
que um acervo dispõe
a evolução do que já foi criado, propõe
E o poeta compõe
nas palavras polêmica
Voz do povo carente
sem formação acadêmica
Tão poeta como Chico Buarque
inimigo do sistema como os revolucionários das Farc

É, naturalmente
Nada de "não pode"
Que vale é o efeito
suíngue, sacode
Maracatu, jogo
roda de pagode
Musica preta, musica preta

Batucada, cantiga
e os cabelos com trança
Nos turbante, as batas
elegância nas danças
Contra as armas de fogo
se defendendo com as lanças
A nossa resistência
a maior das heranças
Nem mesmo a música ficou de fora
Tipo no samba, cavaquinho
instrumento europeu na mão dos pretos chora
E na braveza que São Jorge tem
vou enfrentando os dragão
inspiração que vem de Jorge Ben
Vários músicos bons
nego, veio da antiga
Já fui neguinho sonhador no amargo das brigas
Barriga grande de lombriga, as pernas cinzentas
Nossa vitória, o esforço em dobro representa

Filhos da seca do Sertão
que nem Luiz Gonzaga
Filho das treta do mundão
continuando a saga
Na Terra da Garoa
tipo eu, Cohab I
No Pelourinho
no melhor estilo Olodum
Tambor estala
remanescente da senzala
Mesmo que queiram, nessas horas nossa voz não cala
Pouco se fala de Zumbi ou Ganga Zumba
várias pessoas temem quando ouvem dizer "Macumba"
Quem diz que o lado mal é nosso rito
o preconceito de várias pessoas fortificam esse mito
E nos conflitos, pouco se percebe
música preta é a fonte universal que o mundo inteiro bebe

É, naturalmente
A gente não pode
Que vale é o efeito
suíngue, sacode
Maracatu, jogo
roda de pagode
Musica preta, musica preta

Quem vos canta tem um nome
e eu vou lhe apresentar
Sou o senhor Manicongo
ein, neguinho, é nóis que tá
Quem vos canta tem um nome
e eu vou lhe apresentar
Sou o senhor Manicongo
ein, neguinho, é nóis que tá
Quero ouvir
Paranaê, paranâe, parané
Paranaê, paranâe, parané
Paranaê, paranâe, parané
Paranaê, paranâe, parané

Compositor: Danilo Albert Ambrosio (Rincon Sapiencia)
ECAD: Obra #6429441 Fonograma #2330079

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