Samora N'zinga
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Abordagem de Rotina

Samora N'zinga

Samora N'zinga - Primeiro Plano


Quando cai a noite começa chacina
Uma tensão toma conta do clima
Aponta a arma pra mim e grita! "mãos pra cima"
Sangue circula, adrenalina
A pressão dilata a pupila
Somente a lua acima
A cena ilumina

O que foi que eu fiz, qual a acusação?
"cala a boca, se não tem miolo no chão"

Tremendo mais do que eu, segurando a arma
Olho fundo, suando, cheirado, principio karma

Não sou imbecil, sou apenas civil
Não quero ser preso, olha que peso
Me lembro da trama do negro drama
Vários relatos ganharam fama
Posso ter filho, se aperta o gatilho
Fode comigo, família e amigo
Por isso que digo, eles são inimigo
Senti o perigo, sem nenhum sentido

Mão na parede, tapa na nuca
Só penso que filha da puta
Segura meu braço, da soco no baço
Não tem conduta
A dor disfarço, o que que eu faço
Mantenho a postura
Se na viatura me dão um sumiço
(fudeu né não!)

Abre a mochila joga no chão
Peço respeito, ele fecha a mão
Homens da lei, que contradição
Criminosos são

Quando escapo fica a ameaça
Sabe onde é minha casa
Besta treinada que vai a caça
Todas as noites e em sequencia
A paranoia embaça, desgraça na consciência
Retrata falta de competência e excesso de negligência


Quem é de lá sabe que isso é o de menos
Mas é menos um mano quando alguém fala demais


Onde veêm um trabalho, vejo um crime organizado
Legalizado, legitimado, um braço armado
Que além de tudo é pago
Pelo imposto entregue ao estado
Pobre, preto, favelado
Sempre o cara enquandrado
Por um peão armado
Que sai de um carro blindado
Dentre todos os paus, este é o mais mandado

Denúncia, frente a ameaça
Embaça, olho no olho desfarça
A farça, de um discurso
De segurança, que quando em curso
Tira a esperança, de muita mãe, que em soluço
Por sua criança, clama, seu nome chama
Ninguém responde, onde se esconde
Um diamante perdeu horizonte
Falam em sumiço, mas foi sequestro
Chamam de bandido, um homem honesto
Pela paz é esse protesto

Mas, se é filho de milionário
Passa até no noticiário
Fazem até retratação, ou não
Com sorte um caso comova a nação
Amarildos, josés, leandros
Perdidos em meio a meandros
De um sistema falho e injusto
A tv advoga pros vermes
Falsos heróis ganham seu busto. (x2)


Embora não negue o problema crime
Cortam cabeças pra por vitrine
E mais um comédia de renda média
Crítica direitos humanos
Faz chacota de uma tragédia
Dizendo que é só pros manos
Inversão dos fatos
Pra aprovar no congresso
Lei do capitão do mato
Leis que trazem regresso
Reduzindo a idade corte
É lucro pra indústria da morte

Segurança?
Só se for do carro forte
Você sabe quem, e não é o voldemort

Todo esse papo foleiro
Enche o bolso de alguém
Pessoas em um poleiro
Se dizem cidadãos de bem

Falta de razão
Falta de percepção
Excesso de alienação
Doutrina da corporação

E a cor determina a ação
Determinados a opressão
As vezes a corrupção
Se torna uma opção

Foi sua decisão?
Meu caro capitão
Do mato na multidão
Mutilando o cidadão

Atirando em nossos irmãos
Tudo porque tem em mãos
Frieza no coração
E o ferro da destruição (x4)

Compositor: Samora N'zinga Soares Cardoso (Samora N'zinga)
ECAD: Obra #24018830

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