Já é madrugada, ou perto dela Luzes vermelhas e amarelas Carro a mil, quase atropela É observado, ninguém nas janelas Na esquina se ascende uma vela Cena no asfalto longe da favela Várias ruas, ninguém sobre elas
Quem dera, quase ninguém está pra ver Sob orvalho do anoitecer Velhas pessoas tentam se aquecer Sobreviver, ao se encolher No papelão agora manchado Marcado com lágrimas de teu passado Foi abandonado, meio conturbado Agora abalado dorme bolado Ao lado da grade se deita Funcionário da segurança fica a espreita Mente insatisfeita Busca alguma suspeita Pelo salário ele aceita Cumprir ordens da seita
Semax ou emive Pm quando lhe vê Lhe para porquê? Tem medo de quê?
Moça teme o estupro que da violência é fruto O medo vira produto vendido pelo estatuto Lei do olho vivo aprovada na câmara Quem que assiste todas essas câmeras?
E zé povim não toma jeito Vê na tv, vota no sujeito Depois de eleito Com seu preconceito Defende o pleito Que tem como efeito Pessoas no leito Com tiros no peito Mas alguém disso tirou proveito
Perfeito, pra quem vendeu a munição Onde foi feito? quem fez a fabricação? Foi aceito pra bancar eleição Seja do pastor, do ruralista e do capitão
BB boi, bíblia e bala ou grande irmão Que monitora sua sala e seu quarteirão
A política de vigilância Traveste de segurança Material da finança Do tiro que mata o irmão
Aumenta o sepulcro Mas morte da lucro Pra companhia brasileira de cartuchos
Pra colt, ruger, smith, as americana Fire storm, australiana Beretta italiana
Alemâs: gamo, heckler & koch Diana, mauser, henschel & sohn
Forjas taurus e amadeo rossi Sumitomo heavy industries Vickers armstrong and glock Winchester arms company
E material do editorial do jornal Da capital na seção policial
[crizin]
Eu só observo sendo observado A todo momento tu és registrado Não sou culpado mas eis que tu nasce Ou pixadão de rolê da savassi
Se pá um disfarce pra dixavar Te filmam aqui e em todo lugar Vamo juntar, é eu e tu e tu e nós, ele também Eu tô numa causa justa e cançado de ser refém Mas esse vai e vem, nunca vai ficar tudo bem Se quebrar dois "olho vivo" e dois "chiuin"
Também convém pra mim, mas não pra tu Acomodou, tá susu, quanto pra mim Pra qualquer um que incomodou e foi mais um Incomodado, eu quero é um baseado Fico sossegado sem ter o que preocupar Mas Tô preocupado! meus antepassado Deixou registrado que essa cena ia rolar Se enrolar para pagar E ver umas conta acumular É um cúmulo largar uma vida pra agregar Mas se o mal vier buscar Só tem lei pra te guardar! # Jão
Justiça é cega, de fato Se te pega no tato Por isso gosto de mato Mano isso daqui é uma prisão
Não é só andar no sapato Fingindo que ainda é grato Quando deixa no olfato Pra ter o paladar na mão
Estica a "slack" em vez do pó Tô testando a fé de jó R$3, 70 tá a "gasó" E eu com uns b. o pra resolver
Se os bota pula veja só Vem de efeito dominó Viaja no cabrobró Estragando meu lazer
Mas os olhos da cidade estão olhando pra você Com outras intenções não é só querer te ver Olha a tv, pra poder crer Para e reflita A violência não é gratuita Ela foi patrocinada Informação mal dividida proporciona mão armada
Maltrata aquela mente alienada Diz que quer saber, aprender Não sabe nada, nada, nada Vai morrer na praia, que paia
Caia por terra o mal da atmosfera Que espera por anos o fim dessa guerra Se passa é era, várias primavera Eu quero é a intera de boas ideia É sem miséria, atitude severa Com quem opera o olho de tandera Eu e a galera, comprando uma "bera" Deus que me livre, mas quem me dera
Era uma vez, pera, quem é um docêis? fela Pra jogar na tela toda real situação Não passará em um mês Somará um milhão de vez Enquanto o shen long não governa a nação
Compositores: Samora N'zinga Soares Cardoso (Samora N'zinga), Cristiano de Souza Genelhu (Crizincrizin) ECAD: Obra #24165762