No rico estadão de Minas Um peão levava boiada Mais ou menos umas mil cabeça Holandesa de raça apurada Encontrou com um cavaleiro Que vinha na mesma estrada Na garupa uma mala velha E a roupa já amarrotada Com educação perguntou Se era de venda a grande manada
Boiadeiro foi lhe respondendo Com um gesto deselegante O senhor com essa mala velha Pelos trajes é um pobre andante Este gado vale uma fortuna É negócio pra gente importante Mas vou lhe fazer uma proposta Somente por ser tolerante Se puder me comprar uma rês De presente lhe dou o restante
Nesta hora foi grande a surpresa Quando ouviu dizer o mineiro Levo aqui nesta mala velha Mais de cem milhões de cruzeiros É depósito que faço mensal Em um dos bancos brasileiro Aparências às vezes se engana Me desculpe meu bom companheiro Pra comprar a sua boiadinha Não preciso cheque, lhe pago em dinheiro
Boiadeiro foi-se desculpando Enfrentando a realidade E o mineiro foi lhe retrucando Lhe dizendo umas boas verdades Essas terras aqui onde pisa Já pertencem a minha propriedade Aqui tenho diversos retiros Crio gado em grande quantidade Produzindo a carne e o leite Que abastece as grandes cidades
Se hoje sou um grande pecuarista Porém fui um simples lavrador Mas para ganhar isso tudo Neste sangue derramei meu suor Por isso sou um caboclo humilde E não sei me bancar superior Me exaltei porque fui provocado Mas eu quero alertar o senhor Que às vezes os trajes de um homem Não demonstra seu grande valor
Compositores: Antonio Zamoner (Marcondinho), Roberto Motta Pessoa ECAD: Obra #240929