Seguindo o caminho do meu pensamento Em cima de mim, tem o teto da casa O gesso, o forro, a telha e a asa Antenas que medem o sopro do vento Que sobe mais longe lá no firmamento No leito de nuvem que o céu ofereça Que cai feito chuva e a gente agradeça E acima da nuvem, a noite é imensa Não sei o que sente, o que diz e o que pensa O mundo de dentro da minha cabeça
Por cima de tudo a noite estrelada E além das estrelas, o breu do infinito No extenso universo perdido no grito Onde o tempo tropeça e acaba no nada Que bate e rebate e não muda a passada Ainda que um dia a resposta apareça E que o entendido se vire às avessa Ninguém sabe e nem nunca viu a poeira Nem onde começa e termina a doideira Do mundo de dentro da minha cabeça Ê rê... o mundo de dentro da minha cabeça
Eu falo mas poucos entendem o que digo Me têm por lunático, doido ou biruta Por mais que eu declame ninguém me escuta As minhas palavras parecem castigo A luz das ideias que trago comigo É o rastro pra que eu jamais me esqueça Que sempre acredite que um dia eu mereça A loucura que levo guardada na mente É tudo esquisito, torto e diferente No mundo de dentro da minha cabeça
Há quartos e salas, quintais tão imensos Varandas e mesas, cristais e cadeiras Palavras que sabem varar noite inteira Perfume de flores, de sais e incensos Cortinas, lençóis, persianas e lenços Há passos noturnos de estranha condessa Açudes serenos que alguém abasteça Cozinhas pequenas na infância dos cheiros Há vozes cantando repentes ligeiros No mundo de dentro da minha cabeça Ê rê... o mundo de dentro da minha cabeça