Repousa o corpo tranqüilo No funeral da coxilha Terra bordada em flechilha É o catre de quem retorna A tarde emcomprida forma Das guanxumas e alecrins Não há tristezas nem fins Na morte que o campo adorna
Não há tristeza no pio Da perdiz ciscando a vida Não há fim quando há partida Vai se tornando chegada Quem foi de campo e de estrada Não quer melhor companhia Que o largo das sesmarias No luxo de uma invernada.
Morreu num final de tarde Entre pasto rebrotado Quando uma ponta de gado Buscava a paz de algum capão A noite acende um clarão Prendendo velas miúdas Em dois olhos de coruja No castiçal de um moerão.
E o campo todo recebe Corpo e alma em funeral Se tornará cinza e sal Fundida com terra e água E o choro da madrugada Que entre seus pêlos se entranha Da brilho a teia da aranha Que a macega deu pousada.
Por isso que minha gente Jamais enterra um cavalo O campo sabe cuidá-lo Quando pra nós tudo encerra A natureza não erra Ressuscita na coxilha Nas flores da maçanilha Graça e forças sobre a terra.
Compositores: Luis Rogerio Marenco Ferran (Luis Marenco), Sergio Carvalho Pereira ECAD: Obra #197623 Fonograma #1050107