Doeu na caminhada Quando se pisa no chão De pé descalço, peito aberto, coração E quem só pisa de sapato Cuidado de antemão Que fura a sola Pedra entra pelo vão Tem muita gente no caminho Indicando a direção Só faz sentido quem conhece a contramão E quem discursa Não conhece a palavra do irmão Tropeça no pé, engasga na solidão
Cuidado andador Caminho desviou Formigueiro pisou O mundo embolou
Tem pedra no meio do pasto Tem buraco de tatu Roseira cheia de espinho mandacaru Tem terra viva no asfalto Racha o solo, céu azul O chão do mundo é um vão de norte a sul E tem formiga lá no terreiro do paço Trabalhando no espaço Que danço pancararu Carrega folha, galho, migalha, comida Só conhece a própria vida Quem carrega o mundo nu
Cuidado andador Caminho desviou Formigueiro pisou O mundo embolou
E tem barraco Tu pisando no barranco do buraco O barco corre o mundo a embolar E o barco que balança Não consegue maré mansa O balaio engoliu o mundo que embolou No rebolo da bagunça dessa dança O barco que no baque Barco quase virou Pode ter seca, tempestade e muita enchente Que o mundaréu de gente Esse mundo arrastou
Cuidado andador Caminho desviou Formigueiro pisou O mundo embolou
Tem pedra, tem cobra, tem terra, tem formiga
Compositores: Simone Bento de Souza (Simone Soul), Luiz Alfredo Coutinho Souto (Alfredo Bello) ECAD: Obra #1235147 Fonograma #1041748