Silvio Brito
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Balada Para Um Louco

Silvio Brito


Num dia desses ou, numa noite dessas
Você sai pela sua rua ou, pela sua cidade ou
Ou, sei lá, pela sua vida, quando de repente
Por detrás de uma árvore, apareço eu

Mescla rara de penúltimo mendigo
E primeiro astronauta a pôr os pés em Vênus
Meia melancia na cabeça, uma grossa meia sola em cada pé
As flores da camisa desenhadas na própria pele
E uma bandeirinha de táxi livre em cada mão

Ah! Ah! Ah! Você ri... Você ri porque só agora você me viu
Mas eu flerto com os manequins
O semáforo da esquina me abre três luzes celestes
E as rosas da florista estão apaixonadas por mim, juro
Vem, vem, vamos passear
E assim dançando, quase voando eu
Te ofereço uma bandeirinha e te digo

Já sei que já não sou, passei, passou
A lua nos espera nessa rua é só tentar
E um coro de astronautas, de anjos e crianças
Bailando ao meu redor, te chama
Vem voar
Já sei que já não sou, passei, passou
Eu venho das calçadas que o tempo não guardou
E vendo-te tão triste, te pergunto: O que te falta?
Talvez chegar ao sol, pois eu te levarei

Ah! Ah! Ah! Ah!
Louco, louco, louco! Foi o que me disseram
Quando disse que te amei
Mas naveguei as águas puras dos teus olhos
E com versos tão antigos, eu quebrei teu coração

Ah! Ah! Ah! Ah!
Louco, louco, louco, louco, louco!
Como um acrobata demente saltarei
Dentro do abismo do teu beijo até sentir
Que enlouqueci teu coração, e de tão livre, chorarei
Vem voar comigo querida minha
Entra na minha ilusão super-esporte

Vamos correr pelos telhados com uma andorinha no motor
Ah! Ah! Ah!
Do vietnã nos aplaudem
Viva! Viva os loucos que inventaram o amor!
E um anjo, o soldado e uma criança repetem a ciranda
Que eu já esqueci
Vem, eu te ofereço a multidão, rostos brilhando, sorrisos brincando
Que sou eu? Sei lá, um
Um tonto, um santo, ou um canto a meia voz

Já sei que já não sou, nem sei quem sou
Abraça essa ternura de louco que há em mim
Derrete com teu beijo a pena de viver
Angústias, nunca mais! Voar, enfim, voar
Ama-me como eu sou, passei, passou
Sepulta os teus amores vamos fugir, buscar
Numa corrida louca o instante que passou
Em busca do que foi, voar, enfim, voar
Viva! Viva os loucos! Viva!
Viva os loucos que inventaram o amor!
Viva! Viva! Viva!

Compositores: Horacio Ferrer, Astor Pantaleon Piazzolla (Piazzolla Astor)
ECAD: Obra #1083242 Fonograma #2550959

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