Sulino, Amarito e Douradense

Chapéu Velho

Sulino, Amarito e Douradense


Meu velho chapéu de aba larga
Quanta lembrança me traz
Do tempo de capataz
Tocando boi nas estradas

Sua barbela de couro
Trançada com muito esmero
Me deixava tão faceiro
No meio da peonada

Hoje velho e surrado
Do meu acervo faz parte
Igual uma obra de arte
Que eu não troco por nada

Tirando boi da invernada
Se o vento forte soprava
Sua aba levantava
Com ar de soberania

Sua barbela de couro
Como a querer te ajudar
Pro vento não te levar
Em meu queixo te prendia

Para matar minha sede
Quantas vezes na coxilha
Na falta de outra vasilha
A sua copa servia

As marcas e riscos de espinhos
Me fazem lembrar nossa luta
Tirando boiada bruta
Do meio do carrascá

Domando um potro xucro
A todos eu divertia
Quando contigo batia
Na cabeça do animal

Contente com os aplausos
Que muito me emocionava
Feliz eu te acenava
Pra multidão em geral

Chapéu velho empoeirado
Exala cheiro de suor
Pra mim tem bem mais valor
Que uma corrente de ouro

Quantas caboclas bonitas
Deixaram como lembrança
Marcas de dentes na trança
Em sua barbela de couro

Do meu passado distante
Você é a joia mais cara
Entre as relíquias mais raras
Você é o meu grande tesouro

Compositores: Francisco Gottardi (Sulino), Antonio Carlos da Silva (Dr. Antonio Carlos)
ECAD: Obra #70167 Fonograma #12678672

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