A boiada do Araguaia Logo após a travessia Parou pra fazer pousada Porque já escurecia Naquele ermo deserto Só céu e mato existia Morava uma pintada Terror da selva bravia Quando essa fera miava Tudo ali silenciava Sertão inteiro tremia
Moídos pelo cansaço Da luta daquele dia Naquela noite soturna Enquanto o fogo ardia Deitados sobre os baixeiro A peonada dormia Somente um urutau O silêncio interrompia De vez em quando gritando Parece que anunciando O perigo que surgia
A noite já ia alta Era quase madrugada A boiada remoía Lá na beira da aguada Ouvindo o mugir do gado A fera esfaimada Naquele andar de felino Veio vindo de emboscada Com o cheiro da carne humana Aquela fera tirana Foi atacar a peonada
Aquele pobre boi velho Que nas águas foi jogado Conseguiu sair com vida Antes de ser devorado Pra se juntar a boiada Com o corpo retalhado Ele ia caminhando Passo a passo bem cansado Andando com lentidão Chegou na hora que os peão Já iam ser atacados
Defendendo a peonada Que acordou espavorida Aquele pobre boi velho Com o corpo todo em ferida Morreu lutando com a fera Que por ele foi vencida Disse o moço ponteiro Com a alma comovida Foi quem não valia nada Que salvou toda a boiada E também a nossa vida
Compositores: Francisco Gottardi (Sulino), Jose Aleixo Rosa Filho (Sertao) ECAD: Obra #7935539 Fonograma #53534130