Eu nasci no mês de março Dia três assinalado A minha mãe sempre disse Este menino é virado Ele quando ficar homem Vai ser mesmo endiabrado Dá trabalho pra polícia E no facão ser respeitado.
Quando eu fiz quinze anos Já andava bem armado Uma adaga na cintura Um revólver em cada lado Chegava em porta de baile Se não era bem tratado Já botava a porta embaixo Fazia fogo cerrado Pra dentro entrava a cavalo Chapéu pra trás atirado Dava um tiro no lampião Era caco pra todo o lado O povo todo corria O baile estava terminado.
Uma vez cheguei num baile Lá deu grande confusão Eu dançava com a morena Mais bonita do salão No outro canto da sala Tinha quatro valentão Secando a minha chinoca Com mágoa no coração.
Um deles me pediu o par A moça disse que não Os quatro já se chegaram Todos de combinação A morena me olhou Me pedindo salvação Arranquei da minha adaga Os quatro rolou no chão A morena me abraçou Chorando de emoção Por uma moça bonita Quem não briga é covardão Vista saia e põe vestido E deixe de ser homem então.
Quando eu entro numa festa Eu chego arrastando a espora Eu também corro carreira Parceiro nenhum me explora Gasto dinheiro a vontade Com as moças que me namora Se homem invocar comigo Já tem briga sem demora.
Eu tenho brigado tanto Medo comigo não mora Só nunca matei ninguém Dou de prancha em quem me escora Me deram quinhentos tiros Nas brigas até agora E mais de dez mil facadas Tirei o meu corpo fora Todo mundo me pergunta Porque não sou caipora Não tenho marca no corpo E vou responder na hora É que eu sou afilhado Da Virgem Nossa Senhora.
Compositor: Vitor Mateus Teixeira (Teixeirinha) ECAD: Obra #11019337