O meu nome é João Carreiro Conhecido no lugá Eu vou contá minha história Pra vocês não duvidá
Já tô véio aperreado Já não posso carreá Mas o galo quando morre Deixa a pena por siná
No tempo que eu fui carreiro Fui caboclo arrespeitado Com quatro junta de boi Caminhava sossegado
Distância de meia légua Quando subia o cerrado Ai, o cocão ringidor Era dueto chorado
Pareia do cabeçaio eija-Flôr e Muzambinho Pareia de boi da guia Fortaleza e Caboclinho
Sob a guia caminhava Riachão e Riachinho Vamos se embora Sereno Pareia de Passarinho
No riacho da Graúna Quando o meu carro parava Os zóio de uma cabocla Meu coração cutucava
Na vorta lá da cidade De novo por lá passava Os zóio dessa cabocla De novo me provocava
Assim fiquemo um tempão Cinco mês fiquemo assim Eu com arreceio dela E ela com medo de mim
Um dia criei corage Falei com ela por fim Essa cabocla chamava Corina, flor do alecrim
Alecrim não tem espinho E é danado pra cheirá E mesmo não tendo espinho Alecrim pode magoá
Corina, flor do alecrim Só pode me judiá Prometeu tanta ventura E só me trouxe pená
Só tive um amor na vida Tristeza veio me dá Fiquei véio aperreado Já não posso carreá
Já contei a minha história Antes de outro contá Onde meu carro passou Deixou rastro por siná
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
Compositor: Raul Montes Torres (Raul Torres) (UBC)Editor: Fermata (UBC)Publicado em 1997 e lançado em 1996 (11/Mar)ECAD verificado obra #20449 e fonograma #3009214 em 03/Abr/2024 com dados da UBEM