Antigamente nem em sonho existia Tantas pontes sobre os rios, nem asfaltos nas estradas. A gente usava quatro ou cinco sinuelos Pra trazer um pantaneiro, no rodeio da boiada. Mas hoje em dia tudo é muito diferente Com progresso minha gente, nem sequer faz uma idéia. E entre outros fui peão de boiadeiro Por este chão brasileiro, os heróis da epopéia.
Tenho saudades de reter nas currutelas As mocinhas nas janelas acenando uma flor. Por tudo isso eu lamento e confesso Que a marcha do progresso é a minha grande dor. Cada jamanta que eu vejo carregada Transportando uma boiada, me aperta o coração E quando vejo minha tralha pendurada De tristeza dou risada pra não chorar de paixão.
O meu cavalo relinxando pasto afora Que por certo também chora na mais triste solidão Meu par de esporas, meu chapéu de aba larga Uma broaca de carga, o meu lenço e o facão O velho basto o sinete e o apelo O meu laço e o cargueiro, o ginete e o gibão. Ainda resta a boiada sem dinheiro Deste pobre boiadeiro que perdeu a profissão.
Não sou poeta, sou apenas um caipira Que o tema que me inspira, é a vida de peão. Quase chorando embutido nesta mata Rabisquei essas palavras e saiu esta canção. Canção que fala da saudade das pousadas Que eu já fiz com a peonada, junto ao fogo de um galpão. Saudade louca de ouvir um som manhoso, de um berrante preguiçoso... Nos confins do meu sertão.
Compositores: Alcides Felisbino de Souza (Nono) (AMAR), Elias Costa de Andrade (Indio Vago) (SBACEM)Editor: Editora Musical Corisco Ltda (AMAR)Publicado em 1983 (17/Nov)ECAD verificado obra #948 e fonograma #803663 em 08/Abr/2024 com dados da UBEM