Era uma vez um peixe francês Soturno e muito triste Se perguntava: será que existem maiores mágoas Que as minhas nestas águas?! Dia após dia, imerso em agonia, nadava E tudo o que via Era a arvore verde e amarela na beira do rio E só pensava nela:
Ainda, a linda borboleta Inteira feita de estrelas pretas Que vislumbrou apenas uma vez E tornou-se o grande amor do peixe francês
O peixe que nunca tivera dores Nem problemas com amores Pois sua memória e consciência no mundo Duravam sempre trinta segundos Porém, depois de ver aquele ser Arcanjo rompendo seu casulo, num pulo. Criou fixa idéia na mente E amor e morte...só sente.
O peixe leva na lembrança Toda a pujança da paixão que arde Desde aquela tarde. A borboleta parecia uma bela letra No meio de negras constelações e modernos aviões Verão, outono, inverno e primavera E a paz pro peixe não viera Nem nunca mais apareceu a borboleta que o entristeceu
Muito tempo tinha se passado A vida seguia com alma fria, seu fado Mas eis que durante a quinta estação do ano O peixe avistou um ser humano Assustado, jamais tinha olhado gente assim: frente-a-frente
Uma mulher entrou na água, nua Numa negra noite de clara lua E o triste peixe percebeu no peito da moça de louça A borboleta de estrelas pretas
As lágrimas no olho do peixe Eram feixes de emoções por todos os seus corações Ele olhava a borboleta Mais bela que o som da clarineta Mexendo as asas como as algas de sua casa
Depois de chorar de alegria E conter seu corpo, em folia O peixe viu a linda moça de louça Serena, saindo do rio Com um riso no canto da boca E achando assim a vida pouca Lembrou que era o décimo terceiro mês: Época em que todo peixe francês Vê seu amor pela última vez
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Compositores: Jose Quaresma Campos Filho (Quaresma), Thiago Pereira e Silva (Thiago e) ECAD: Obra #4661477 Fonograma #2374072