# 15 faixas
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Samba e Pagode
Sorriso Maroto, Belo, Grupo Revelação, Raça Negra e mais...
MPB
Roberto Carlos, Roupa Nova, Maria Bethânia, Caetano Veloso e mais...
Velha Guarda e Outras Bossas
Roberto Carlos, Elvis Presley, Bee Gees, Maria Bethânia e mais...
#Deprê
Taylor Swift, Eminem, Coldplay, Linkin Park e mais...
Sertanejo Hits
Jorge e Mateus, Luan Santana, Henrique e Juliano, Marília Mendonça e mais...
Vagalume Vibe
Bruno Mars, Taylor Swift, Coldplay, Linkin Park e mais...
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No Rio de Janeiro, o samba está em todos os lugares. Todo bairro tem um cantinho (ou um cantão, dependendo do caso) onde grandes sambistas surgiram e ainda surgem de tempos em tempos. Como alguns rápidos exemplos: Vila Isabel foi a rampa de lançamento de Noel Rosa e Martinho da Vila (que veio de Duas Barras, interior do estado), Elton Medeiros é originário da Glória, Cartola nasceu no Catete, se criou em Laranjeiras e se consagrou na Mangueira, Botafogo foi o primeiro endereço de nome do Paulinho da Viola, Nelson Cavaquinho é nativo da Tijuca, Beth Carvalho veio para a Zona Sul depois do nascimento na Gamboa e Nei Lopes passou a infância em Irajá, mesmo bairro onde veio ao mundo um certo Jessé Gomes da Silva Filho.
Recebendo o mesmo nome do pai, o bebê nasceu em 4 de fevereiro de 1959 e juntou-se aos irmãos Icléa (1952). Jorge Roberto (1954) e Ircéia (1957). O time de filhos de Seu Jessé e Dona Irinéia ainda ganharia um quinto integrante em 1964, com a chegada de Isabel. A caçula nasceu em Del Castilho, endereço adotado pela família logo após o nascimento de Zeca, quer dizer, Jessé. Zeca viria alguns anos depois.
Em suas andanças e brincadeiras por Irajá e Del Castilho, o garoto se enturmou com os mais velhos. Além de dar seus primeiros passos na escola do samba, ainda tomava lições extras de filosofia de vida com o "professor" Thybau, seu tio-avô, patriarca da família e cobra-criada na arte da boemia e festividades em geral. Na adolescência, recebia sempre convites para embarcar nas aventuras noturnas do irmão e dos amigos Zé Vaca Brava e Seu André. Como ainda era "de menor", o garoto de 14 anos se entocava embaixo das mesas de bar ao menor sinal de aproximação do Juizado de Menores.
O gosto pela vida noturna e pelo samba logo o afastaram das salas de aulas. Depois da quarta-série não quis mais saber de escola. Só tinha pensamentos para a música que ouvia e queria entrar de cabeça. Também era um rapaz de carisma único e as meninas do bairro não lhe resistiam. Dorina, sambista talentosa e amiga dessa época, afirma que poucas garotas das redondezas não caíram na lábia do Zeca. Entretanto, ela jura de pé junto que ficou de fora do harém.
Se fugindo do Juizado Zeca já estava em todas, depois da maioridade não havia mais o que o segurasse. A companhia dos amigos estava sempre ao alcance e o transporte para as noitadas podia até ser escolhido: ônibus ou a garupa da moto de Sérvula, grande amiga e parceira de boemia. Com ou sem a moto, a dupla era presença constante em várias rodas de samba, blocos e festas da Zona Norte. A preferência de ambos era sempre os eventos em que a atração principal fosse um tal de partido-alto, modalidade de samba que se tornaria uma febre no final dos anos 70.
O dinheiro para bancar a bebida e a comida nunca foi um grande problema, afinal ele nunca tivera muito até então. Mas como nem tudo são flores, cerveja gelada e batuque, Zeca precisava descolar um trocado para financiar a vida noturna. Trabalhou como feirante, camelô, office-boy, contínuo e até anotador de jogo do bicho ("corretor zoológico", como ele costuma dizer). Verdade seja dita, ele só não era o malandro completo e romântico porque nunca correu do batente. Entre o trabalho sério do dia e o aprendizado com o samba à noite, o rapaz começou a formar o time de amigos e parceiros que o acompanhariam pelo resto da vida.
No final dos anos 70 e início dos anos 80, Zeca estava cada vez mais estabelecido como um versador de respeito, mas também escrevia seus sambinhas. Em parceria com o flautista e também partideiro Cláudio Camunguelo, "Amargura" foi sua primeira música gravada. Entrou no repertório do segundo disco do grupo Fundo de Quintal, originado essencialmente pelo pessoal do Bloco Cacique de Ramos. Essa música chamou atenção do grandalhão Arlindo que veio conversar com o jovem compositor numa roda de samba em Quintino. O papo rendeu novos encontros, que se tornaram mais freqüentes e logo os dois estavam inseparáveis. Poderiam até ter recebido o apelido de Dupla Dinâmica, mas entraram na brincadeira da turma do samba e, pela enorme diferença de portes físicos, viraram O Gordo e o Magro.
Além de Sérvula e Dorina, Zeca também cultivava a amizade de Paulão Sete Cordas (na época, apenas Paulo Roberto), Monarco, Mauro Diniz(filho de Monarco), Almir Guineto, Bira Presidente, Dudu Nobre(filho dos também amigos Anita e João Nobre. Dudu era pequeno e tinha que liberar o quarto para um combalido Zeca despencar de vez em quando), Beto Sem Braço e Arlindo Cruz, com quem formou uma dupla cujo vigor atravessa as décadas.
Beth Carvalho já havia sido madrinha do Fundo de Quintal, mas ficou particularmente encantada com "Camarão que Dorme a Onda Leva", composição de Arlindo Cruz, Beto Sem Braço e Zeca. Dos três, o filho do Seu Jessé foi convidado para gravar essa música com toda a pompa e circunstância que isso envolve. Até microfone de ouro entrou na jogada. Ele, que nunca tinha cantado em um microfone, na primeira viagem teve que encarar logo um de ouro. "Camarão..." foi um sucesso e ganhou até clipe no Fantástico.
Depois de muitas gravações, parcerias e shows Zeca Pagodinho estava definitivamente no coração do povo. Mesmo receoso, encarava palcos de todos os tamanhos e para todos os públicos. Já foi atração do Directv Music Hall, do Claro Hall, do Canecão e do Teatro Municipal com casa cheia e exigência de shows extras. Depois que ganhou o Grammy, foi convencido a levar sua música para fora do Brasil. Logo o menino de Irajá estava cantando na Europa, África e América do Norte com a mesma naturalidade com que cantava nas rodas de samba do Cacique de Ramos.
Seu carisma levava as emissoras a disputarem sua presença a tapa. Com o jeitão desconfiado de sempre, Zeca freqüentou o sofá da Hebe, o palco do Faustão, Raul Gil e Gugu, a poltrona do Jô Soares e até a cadeira do irreverente punk João Gordo, da modernosa MTV. Aliás, foi na MTV que foi escrito o capítulo mais elegante da sua história. Com repertório escolhido a dedo e orquestra digna de um show de Luciano Pavarotti, o portelense colocou o samba em um ponto nunca antes alcançado: atração principal de um celebrado álbum acústico. "Acústico MTV Zeca Pagodinho" foi lançado em 2003 em CD e DVD tornando-se um sucesso instantâneo. A razão? Talvez porque no palco estava o homem que nunca perdeu o elo com seu povo, suas origens e sua essência.
Fonte: Site Oficial