Eu andava de sopa de um lado pro outro
Era de vento em popa, boteco em boteco
Era um teleco-teleco, malandro com asa
Não parava em casa ia voando baixo
Não sossegava o facho e até segunda feira
Ia raspar o tacho lá na gafieira
E fazia besteira
Descomposturando os modos do lugar
Peguei a dama de um jeito estranho
Que até a banda parou de tocar
E no calor do momento
Sem constrangimento segui a dançar
Um segurança me puxou o braço
Quase perdi o compasso
Mas não levei rasteira
Saí na capoeira de navalha na mão
Eu era folha ao vento desviei pernada
Premeditei a jogada com muito talento
Deixei a zaga inteira de coluna torta
Driblei até á porta estava ao meu alcance
Mas mudei num relance a minha direção
Pois vi o camburão cercado de polícia
E o delegado brabo
Olhando lá de fora com três oitão
Pra piorar a minha situação
Um batalhão na porta lateral
Era o pai da cabrocha
O Tenente Rocha com o general
Chegou meu funeral, pensei
Acabou a novela
Senti o cheiro de vela
Ouvi os sinos de capela, pressenti meu final
Mas não entrego a navalha e segui na batalha
Ia voando tudo: Cadeira, garrafa
Bandeja de garçom ali virou escudo
Quando a bala pegou
Tinha homem chorando e veado batendo
Deu mulher brigando e marido fugindo
E a orquestra tocando
Só parava o som pra desviar da bala
O batalhão teria erguido a taça
Não fosse a minha cabrocha
Pegou a arma do Rocha
E foi queimando o berro até sair fumaça
Era malandro voando na praça
Naquela correria
Quem conhecia sabia
Quando a nega embrabecia fazia desgraça
Não podia ver cachaça!
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